Procurando por assuntos que pudessem virar aulas de conversação interessantes para meus alunos de inglês, deparei com um site de perguntas destinadas a este fim. Uma delas eu achei muito interessante: "What 'old person' things do you do?" (Que coisas de gente velha você faz?)
Eu ri sozinha aqui, e comecei a pensar... bem, eu gosto de dormir de meias. Acho que isso é coisa de gente velha, não é? Quase sempre durmo de meias, mesmo no verão, e se eu me esqueço, acordo durante a noite várias vezes para ir ao banheiro - que é outra coisa de gente velha: fazer xixi várias vezes por noite.
Uma outra coisa que eu faço - ou seja, digo - e que soa como coisa de gente velha: quando eu gosto de algo, costumo comentar: "Bacana!" Acho que esta é uma palavrinha bem careta e fora de moda!
Uma outra coisa de velha que tem me ocorrido ultimamente, é que às vezes eu me pego começando uma frase com: "No meu tempo..." Ai, meu Deus, deu detesto isso, mas quando eu vejo, já saiu! O que será que significa?
Às vezes, quando vou comprar roupas, fico na dúvida se o que eu escolhi é adequado à minha idade. Está ficando cada vez mais comum sair para comprar roupas, entrar na cabine com uma porção de vestidos e não levar nenhum, pois: ou eu acho que estão muito curtos, ou são coloridos demais, ou então decotados demais, ou que são coisas de velha!
O simples fato de ter me sentido inspirada a escrever esta crônica baseada na pergunta que achei no site, já é um sinal de que eu ando fazendo muitas coisas de gente velha ultimamente. E a tendência é piorar.
Quando me pego dizendo ou pensando coisas como "Isso não é música! Música é o que eu escutava quando era jovem!", me sinto com mil anos; me lembro da minha mãe dizendo a mesma coisa sobre os discos que eu gostava de ouvir, e do quanto a gente implicava com ela quando ela tocava as músicas do "seu tempo" e nós nos curvávamos para frente, fingindo que estávamos com dor de barriga ou vomitando. Mas se alguém mais jovem fizer fizer isso a respeito das músicas que eu gosto, com certeza vai levar uma bronca. Eu exijo respeito!
Mas exigir respeito também é coisa de gente velha...
Reparei que nos dias de hoje consigo ficar quase cinco minutos conversando sobre dores nos joelhos, cansaço, insônia, qual é a melhor tinta para cobrir os cabelos brancos, o remédio que a gente toma para baixar colesterol, o melhor creme para rugas, enfim, esses assuntos de gente velha.
Socorro! Não quero virar uma dessas velhas que só abre a boca para falar de médicos, remédios e problemas de saúde! Quero ser igual à Tia Rosa e Tia Nanina, as tias italianas da minha mãe, que apesar da idade avançada, sabiam de tudo o que acontecia no mundo, assistiam Rambo e nunca falavam de doença. Mas eu não gosto de Rambo. Rambo hoje em dia é coisa de velha.
Alguns meses antes de morrer, minha mãe veio aqui em casa e, olhando o pôr-do-sol da janela do quartinho de hóspedes, que dá para uma montanha magnífica, ela abriu os braços e disse: "Isso é maravilhoso! Você tem sorte, e deve agradecer a Deus todos os dias." E quando eu começo a pensar em envelhecer e em coisas de velha, eu me lembro daquele dia. Ela morreu com quase 86 anos, e nunca se preocupou em se comportar como gente velha.
E você aí: anda fazendo muita coisa de gente velha ultimamente?