No Balcão do Quiosque

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Caminhos

Imagem: mobisol.blogspot.com.br

Nem sempre o caminho mais curto
Será o caminho mais perto
Nem sempre o caminho mais fácil
Será o caminho mais certo
Nem sempre o mais transitável
É aquele que é mais aberto.

Dos caminhos, nem sempre
é mais bonito o mais reto
é mais rápido o direto
é mais firme o de concreto.

Dos caminhos, nem sempre
é seguro o mais trilhado
é melhor o mais cantado
é bom o sinalizado.

Nos caminhos
Pergunta a quem já foi lá
Usa tênis confortáveis
(pés nus só em areias molhadas)
(trilhas pedregosas, botas ferradas)
Descansa à sombra da árvore.

Nos caminhos, sempre
Leva um cajado na mão
Na alma, uma visão
No bornal, a refeição
Na mochila, um coração
Na mente, uma oração
Nos lábios, uma canção
Nos olhos, o horizonte
No cantil, água da fonte.

Nos caminhos
Anda em grupo, se possível
Ou aos pares (é incrível)
Mas se preciso, vai só.

E onde não houver caminhos
Abre tua própria trilha
Não construas labirintos
Segue milha após milha
Deixa teu rastro no chão
Pois outros te seguirão.

E ao alcançares a meta
Faz uma celebração
Curta, rápida, discreta
Que outros caminhos virão.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Poesia em trovas




Trova de Fernando Pessoa:


O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E em homenagem ao Dia da Poesia, eu me atrevo a parafrasear o meu mestre:


O poeta nunca mente
Mas do engano está às portas, 
Pois pra dizer o que sente
Escreve por linhas tortas.


Abraços a todos os poetas.
Niterói, Dia da Poesia, 2012
Rodolfo Barcellos

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É Natal





Ali jaz um caráter, um homem, uma pessoa.
Ali jaz um indivíduo só.
Só e abandonado como os perdigotos que escorrem de suas narinas.
Imperceptíveis e no entanto, repugnados.


Mas é Natal...
Natal dos que deixaram de ser
Natal dos que deixaram de ver
Natal dos que deixaram de crer
Natal dos que vivem para beber


Uma pena !


Mas Natal é isso...
Acima de tudo, reflexão.
Se não o fizemos ainda...
...quando o faremos?


Façamos agora?


Marcos Santos
Rio de Janeiro

foto marcos santos

sábado, 7 de maio de 2011

Sem Verbos


     De onde?

     De um desafio antigo,

     De um soneto empacado,

     De um bate-papo amigo,

     De um coração namorado.

SONETO SEM VERBOS

Um soneto sem verbos - desafio
De um amigo mais da onça do que meu;
Uma quadra, talvez, só por desfastio...
Talvez não ... e um tchau do amigo teu.

Mas rendição nunca! que vergonha!
Nunca a derrota! A fuga, não!
Covarde! Temeroso! Vil pamonha!
A um poeta, tais epítetos ao chão!

Calíope! Euterpe! Clio! Erato!
Ágil Terpsícore! Musas belas!
Doadoras de luz, de aquarelas!

Socorro! Sus ao poeta, ao insensato,
Ao campeão vosso, ao vosso amor,
De um soneto sem verbos fazedor!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Leia no Banheiro


Fiz uma pesquisa rápida no blog da Editora e sessenta e quatro pessoas responderam. É um número pequeno, levando-se em consideração a quantidade de leitores usuais do blog. Mas eu precisava de resultados da pesquisa para fazer este texto e pelo sim, pelo não, aí vai... 

Pegando esse gancho da pesquisa, faço aqui considerações gerais: Perguntei se as pessoas compravam livros de autores novos, como as pessoas costumavam comprar livros, se liam e-book, quanto investiam por mês e qual leitura preferiam.

Para minha surpresa, a maioria esmagadora respondeu que comprava livros de autores novos. Livrarias físicas, sites e portais literários empataram na compra por livros. A maioria das pessoas não lê e-book, grande parte investe mais de R$ 45,00 por mês em livros e uma pequena parcela dos entrevistados lê poesia, sendo que a maioria prefere os outros gêneros literários – entre eles livros técnicos.

Alguma novidade até aqui? Penso que não, pois boa parte das pessoas que conheço em papos sobre livros pensam dessa maneira. A diferença é que todos que conheço fazem a leitura de poesias...

Vendo o resultado dessa pesquisa rápida, creio que declararam gostar de poesia porque me conhecem e sabem que escrevo poesia. Será? Deve bater aquele constrangimento na hora que falo que escrevo poesia e pergunto se a pessoa lê algo. As respostas são sempre muito parecidas: “Leio, sim! Li mês passado um livro lindo da Clarice, vou ler semana que vem um do Mario Quintana.”

Umas das respostas mais sinceras que recebi sobre a pergunta que faço com frequência (Você lê poesia?), foi a da secretária de minha ginecologista. Ela perguntou o que era poesia... Assim na cara! Penso que quando a gente trabalha com educação não se espanta tanto com as perguntas, logo levei um livro meu de presente e ela comentou: “Ah, poesia é isso? Livro bom de ler no banheiro!” Emendei: “É mesmo!”, pois não existe nada melhor que ter leitura boa no banheiro. Quem nunca leu uma embalagem de pasta de dente? Ou o verso do shampoo por falta de leitura boa? 

Poesia é livro de banheiro, de bolsa, de cabeceira, de fila em banco, de sala de espera em médico. Por sinal, eu gostaria que as salas de espera dos médicos tivessem livros de poesias invés das revistas que nos ensinam em 100 passos a ser mais bonita ou sexy.

Sou leitora de poesias! Leio Hilda Hist, Álisson da Hora, Augusto dos Anjos, David Nobrega, Mario Quintana, Lú Cavichioli, Monica Saraiva, Camila Passatuto, Van Luchiari, Emily Dickinson, Cristiano Melo, Flávia Braun, Caroline Freitas, Florbela Espanca, Andrea Lucia Barros, Drummond e mais uma montanha de vivos e mortos, sejam eles em blogs que tenho prazer em seguir ou em livros adquiridos e que estão presentes no meu dia a dia, me presenteando com poesia de ótima qualidade!

A pesquisa mostrou, por enquanto, que poesia é lida por poucos. Talvez a poesia tenha-se reduzido à pressa, aos cento e quarenta caracteres ou mesmo a dois ou três poetas já finados.
Alguns devem achar difícil de entender... Quem sabe, por não saber que poesia carece de explicação ou entendimento. Não precisa ser doutor ou mesmo professor para ler, pode ser
entretenimento e – por quê não? –, leitura de sala de espera e de banheiro.

* Crônica escrita na revista cultural - 8 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quo Vadis?

   Ocasionalmente eu uso a liberdade poética proporcionada pelos versos brancos, que não se submetem às algemas da rima ou à tirania da métrica. Mas confesso que prefiro, quando possível, cantar a música da rima seguindo o ritmo do metro. Parece-me que em mim o poeta "brada com mais vigor quando em cadeias / que quando voa livre de outras peias."
   A postagem original é de 3 de Fevereiro de 2010, no "Sete Ramos de Oliveira".
* * * * * * * * * *

   Houve época em que minha fome de leitura era insaciável. Desde os gibis infantis até a Bíblia, passando por obras de divulgação científica e de ficção, tudo era devorado. Os versos brancos que se seguem nasceram de uma combinação eclética de leituras de minha adolescência: "Nascimento e morte do Sol" (George Gamow), "Quo Vadis?" (Henryk Sienkiewicz) e o Livro do Gênesis, tudo temperado por um crescente interesse pela teoria do "Big Bang".


Quo Vadis?


Há tanto tempo...
Tanto, tanto tempo passou sobre tudo...
Tudo esvaiu-se na fumaça,
No pó,
No passado;
Tudo tornou-se neblina na lembrança dos homens,
Tornou-se tudo neblina na memória da eras,
Do espaço,
De Deus.
Nada existia então.
Não existia a Vida,
Nem o Tempo,
Nem o Espaço:
In principio erat Verbo.
E eis que surgiu um ponto,
Um ponto geométrico,
Sem dimensões;
Um nada.
Mas, nesse nada,
Rugia tudo:
Rugia o Tempo, na ânsia de marcar a sucessão das Eras;
Bramia o Espaço, querendo medir a distância entre os seres;
Gritava a Vida, aspirando a determinar a soberania do Amor.
E o ponto explodiu em fulgurações cintilantes
Que levavam consigo o Tempo,
O Espaço
E a Vida.
E surgiram majestosas as galáxias,
E os sóis,
E os planetas.
Surgiu a Terra.
A Terra era informe e nua, e o espírito de Deus pairava sobre as águas.
E nas águas, a Vida fundou seu reino;
E vieram os peixes,
E os anfíbios,
E os répteis ,
E os mamíferos.
Surgiu o Homem.
Surgiu, então, na Terra, uma centelha da divina sabedoria na inteligência do Homem.
E vieram os povos,
E vieram as nações,
E as civilizações;
E veio também a paz,
A amizade,
A fartura
E o amor;
Mas veio também a fome,
A guerra,
A miséria
E o sofrimento.
E eis que chegamos hoje à encruzilhada fatal:
Quo vadis, Homo?
Aonde vais, Homem?
Aonde vais?


   Hoje, tantos anos depois, tenho minhas dúvidas quanto à validade da teoria do Big Bang. Mas isto fica para outra ocasião.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Inocência

INOCÊNCIA

Imagem: Josephine Wall (direitos reservados)
Relembro hoje aquele dia ensolarado
Em que tu me ofereceste a rendição;
Quando em vez de te fisgar eu fui fisgado
No teu jogo tão sutil de sedução.

Derrotei  tuas negaças,  teus receios,
Desnudei teus pensamentos indiscretos,
Conquistei os altos cumes dos teus seios,
Visitei os teus lugares mais secretos.

As mãos minhas escalaram róseos montes
E meus dedos deslizaram por ravinas;
Os meus beijos encontraram tuas fontes,
Meu desejo cavalgou pelas campinas.

Minha alma se perdeu em teus cabelos,
Minha voz em teus gemidos se esvaiu;
Meu abraço calou todos teus apelos
E o meu ser em teu ser se consumiu.

Explorei teus sentimentos mais profundos;
Meus sentidos no teu corpo se afogaram.
Descobri os quatro cantos de teus mundos,
Minhas pernas com as tuas se trançaram.

Invadi então teu templo mais sagrado
E prostrei-me ante o altar de teu prazer;
Oferendas lá depus de apaixonado,
Em  penhor de todo este meu querer.

E assim me despedi da adolescência
E ingressei num novo mundo sedutor;
Com o sexo me roubaste a inocência
E depois ma devolveste com o amor.

Ó tu, que me conduziste às alturas!
Ó tu, que me levaste às profundezas!
Ó tu, que me  trouxeste tais loucuras!
Ó tu, que me exorcisaste as tristezas!

Bendita sê! Bendita a dita minha,
Pois que em meu coração inda és rainha!

Niterói, janeiro de 2011
Rodolfo Barcellos
Imagem: uso não comercial, conforme os termos do "site" da autora.  Ver: http://www.josephinewall.co.uk/licensing.html

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cena Urbana - O Mendigo Molhado

Nem mesmo a sujeira de sua indumentária permanecia solidária, visto que a força das chuvas arrancavam-na,
transformando-a em lama fétida.

A enxurrada que caía sobre seu corpo, era o contado mais íntimo que a muito não tinha,
visto que até aos ossos penetrava.

A torrente fria que lhe cobria
era seu único aconchego.

Conforto sem conforto,
sem leira nem beira,
... sem ninguém...

Apenas um pedaço pensante de carne, ainda viva.
Depósito de anticorpos e defesas bacteriológicas.

Um laboratório vivo promíscuo.
Produtor de odor, suor, fezes e urina.

Um vivo morto.
Um morto vivo.
Um Ser Humano Urbano.
Um Ser do trânsito.

Como um poste,
um bueiro,
uma placa,
uma sarjeta.


Marcos Santos

domingo, 29 de agosto de 2010

A Felicidade

Photobucket

A felicidade está em apreciar a folha morta e seca. A felicidade está em perceber o belo em um inseto de seis patas. A felicidade está em apreciar os sabores, mesmo os mais fortes, picantes ou amargos. A felicidade está em saber compartilhar a natureza com os outros seres, mesmo os mais ferozes. A felicidade está em...


Infância Perdida - Parte Dois

Em algum tempo todos estavam reunidos no entorno dele. Alguns por consideração, outros por curiosidade e nós, por sermos seus pais.

Nossos corações estão como que anestesiados. Nossas gargantas meio que, como visgo de jaca, com uma secura pegajosa. Nossos pensamentos não estão ali, mas estão com ele.
Como seria se tivesse tido uma chance? Como seríamos se fôssemos em número de quatro? Realmente não sei e talvez nunca venha a saber.


O ritual fúnebre exige sua seqüência. Como pai de um filho anjo, não me resta alternativa senão levá-lo, eu mesmo e somente eu, à sua morada final.
E assim o fiz, sem lágrimas, sem rosto, sem pernas nem passos.
Interessante foi observar que não havia chão nesse caminho, não haviam braços ou mãos para segurar sua urna, mas ela chegou ao seu destino.
O Destino... .



...A felicidade está em poder escrever, mesmo quando a fonte de inspiração for a sua própria tragédia.

Poemas A Felicidade e Infância Perdida Dois - Marcos Santos
Foto Folha de Café - Marcos Santos