Final de sexta-feira santa se aproximando, todos ressacados de vinho e comilança típica, hora de se dar o merecido descanso, mas não sem antes atentar para o noticiário televisivo e internético, para se atualizar em relação ao assunto do momento.
Seria esse assunto algo referente ao horror de Realengo? Não, prezado leitor, isso é passado, a morte das crianças já não faz mais parte das manchetes, a comoção cessou. Seria algo pertinente aos destinos do país, do âmbito econômico ou político, capaz de ferver os noticiários e nos brindar com um auspicioso aceno? Enganou-se mais uma vez, caro amigo. Fala-se agora do o casamento do Príncipe William com a plebéia Kate, não há outro assunto em canto algum desse planeta.
O que faço eu com minha absoluta falta de intimidade para com temas reais? Estou numa cilada social, não terei assunto pra esses dias porque sobre realeza eu entendo bolhufas. Preciso de alguém culto, inteirado dessas questões de fundamental importância para o desenvolvimento da humanidade, a fim de me explicar porque cargas d’água, em pleno século XXI ainda se bajula tanto eventos assim. Quão insensível sou a ponto de não compreender que se trata do casamento do herdeiro do trono real inglês, oras, não é qualquer mortal. Não é? Mas como assim? Ele até lava banheiro, como sou desalmada em não me comover com tamanho feito!
A expectativa é da chegada de meio milhão de turistas em Londres, o que ocasionará um movimento financeiro de R$ 1.500.000,00, entre outras coisas com a venda de brindes como canecas, pratos, qualquer troço com a imagem dos nobres pombinhos. As ruas de capital inglesa estarão tomadas pela multidão enlouquecida, portando bandeirolas nas mãos e emoções descabidas em virtude de tão especial situação. Escrevo isso enquanto meu estômago revira e não é apenas em consequência da comilança à base de coco, é muito mais por me admirar do quanto o ser humano se orgulha de sua absoluta futilidade. É bem possível que em uma semana, tempo restante para acontecer o grande feito, se publique até a cor da calcinha a ser usada pela princesa quando de suas núpcias. Já é sabido, por exemplo, que o banheiro da suíte opulenta a ser ocupada por Kate na noite anterior ao casório terá uma privada “venerável” (oi?) feita no século XIX e uma TV à prova dágua. Ah, mas isso é deveras importante, todos devem saber da condição descontraída da realeza enquanto faz cocô na privada original... Veneravelmente original. E compartilhe comigo dessa informação imprescindível, caro amigo, não há Viagra na cerveja do moço real, mas um tal extrato herbácio. Agora sim, posso ir para o meu humilde leito plebeu, tranquila por saber que os problemas da humanidade estão consideravelmente diminuídos porque a futura princesa faz cocô e o príncipe não toma cerveja com Viagra... Ainda.
O mundo enlouqueceu de vez, Pai do Céu!
Melhor mesmo eu guardar a minha total falta de paciência para assuntos inúteis e ir pros braços de Morfeu... Moço compreensivo e acolhedor.
Boa e nobre semana a todos.
(Milene Lima,
agreste das Alagoas.)
(Milene Lima,
agreste das Alagoas.)