Quando dirijo e vou percorrer grandes distâncias, gosto de ligar meu “piloto automático”. O modo mais fácil, é ocupar minha cabeça com assuntos que não digam respeito ao trânsito.
Normalmente mentalizo o percurso e em seguida faço jogos com as palavras, expressões, contas, etc....Quando me dou conta, já pensei diversos assuntos e a distância já foi percorrida num estalar de dedos.
Outro dia, estava a caminho de um parceiro comercial, cuja empresa fica na região Central do Rio de Janeiro, mais precisamente no Bairro da Saúde, quando uma retenção do trânsito, obrigou todo o tráfego a desviar-se pelas redondezas do morro do Santo Cristo. Começava ali um roteiro turístico pelas ruelas da Gamboa e adjacências.
Como estava em meu estágio de “piloto automático”, divagando sobre a toponomia carioca, de repente me percebi analisando expressões da linguagem brasileira e seus significados: “chapa quente”, “demorô”, etc...
Num dado momento, ainda no percurso das ruelas, paro em um semáforo. Bem defronte ao sinal estava um casarão antigo, na verdade muito antigo, do tempo do Brasil Império.
Fitei o prédio de cima abaixo, até que duas mulheres paradas na porta, chamaram minha atenção.
As duas, alvas como as mulheres nórdicas, e com trajes que deixavam suas coxas fartas e roliças totalmente à mostra.
Nesse exato momento o sinal abriu, dei mais uma olhada no casarão, do teto ao chão, e já saí divagando sobre outras expressões de linguagem. A primeira que me veio foi exatamente inspirada nas mulheres alvas: “feito nas coxas” foi a expressão.
Interessante é perceber que certas palavras ou expressões tem a capacidade de trilhar caminhos próprios e acabam por desvencilharem-se do verdadeiro motivo que as gerou.
Hoje sabemos que o significado da expressão “feito nas coxas” equivale a "feito de qualquer maneira", ou "feito sem capricho". É claro que a vinculação sexual da expressão é mais que compreensível, algo como um coito não finalizado, terminado ainda no prelúdio. Faz sentido. Realmente faz sentido, mas não é verdade.
Uma das hipóteses, para a origem dessa expressão, está muito mais ligada ao sofrimento de um povo do que se possa imaginar.
Até o Século IXX, as telhas das casas eram feitas de barro moldado nas coxas dos escravos, manualmente, uma a uma. É claro que cada pessoa tem suas individualidades anatômicas, e as coxas não fogem disso. Ou seja, cada pessoa fazia o seu padrão de telha. A expressão surgiu daí. “Feito nas coxas”, ou feito sem padrão de qualidade.
Mas o interessante para mim foi observar que cada peça, cada telha, guarda a marca individual do escravo que a confeccionou: seus pêlos, seus feixes de músculos, seus joelhos. A parte de cima guarda suas digitais. Digitais que prensaram a massa de barro sobre as pernas, sobre as coxas cansadas.
De cima do morro do Santo Cristo, alguns dos descendentes desses homens, observam os telhados do casario antigo. Não têm idéia que aquelas telhas guardam marcas de seus antepassados. Marcas reais, marcas estampadas de seus corpos. Digitais impressas, de um tempo de sofrimento e injustiça para seu povo. Mas eles continuam lá, nas senzalas modernas, sem o direito sequer, de conhecer sua própria história.
Marcos Santos
Rio de Janeiro, 24/02/2008
Se você gosta de bom humor inteligente, nossa equipe de cronistas oferece diferentes abordagens sobre qualquer tema. Nosso objetivo é a interação. BOA LEITURA!
No Balcão do Quiosque
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Feito nas Coxas - Uma História Urbana
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
O filho do Brasil
As 24 horas do dia lhe eram totalmente estranhas. Não era muito nem era pouco. Apenas insuficiente por conta do excesso de sonhos. Lá pelas tantas acordava. Pra lá depois de tantas, dormia para esquecer o que lhe deprimia. Seu pai, seu Brasil, era um homenzarrão; um gigante pela própria natureza que Deus lhe havia emprestado para tomar de volta na hora incerta. Seu Brasil era assim um tipo que os psicólogos logo o rotulariam de dicotômico. Oscilava entre o passado naftalínico e o futuro aguardente... dentes lhe eram arejados e os olhos marejados do suor que vinha da alma indigente prescreviam-lhe invisíveis remédios que somente ele conseguiria ingerir.
A parte do corpo que mais utilizava era o cotovelo — e com que desvelo... Com ele seu Brasil perdia a vida e ganhava a morte. Não era um cotovelo qualquer. Não, não senhor. Era um cotovelo de última geração. Todo calejado com o mais resistente efeito de dormência que um cotovelo poderia ter. Os balcões da vida que o digam. Quantos deles se entregaram resignadamente diante desse peso constituído de carne ressecada e ossos porosos a lhes pressionarem a lisa e empossada superfície etílica.
Mas seu Brasil tinha a persistência da desistência. Com a mesma facilidade com que se inflamava na tola e passageira alegria, queimava-se na malandragem feita por tanta mal disfarçada tristeza.
Ninguém duvida da capacidade e dos talentos ocultos que habitam o seu Brasil. Quando bem intencionado, dele poderia se extrair muitas insuspeitas riquezas.
Seu Brasil mal sabe que carrega em si o destino que tanto pensa saber. Seu Brasil é o pai do futuro de seu filho gerado por uma impaciência atrevida tão devida mais por alienação incultivada do que por uma ignorância herdada.
Ah seu Brasil... o tempo acaba só quando termina. E mina aos poucos o pouco que ainda resta do nada que se pensou ter.
Filhos de homens como seu Brasil, são gentis com o próprio solo onde pisam por respeito ao calejado que a vida lhes impõe.
Um dia seu Brasil vai morrer. E com ele sua curta memória de uma vida tão curta de importância, que vai ficar na lembrança apenas mais um capítulo da novela que deixou de ver.
Ouvir-se-á lá ao longe num Ipiranga imaginário, que o filho daquele otário, o amou com tanta intensidade que na verdade somente o silêncio do mundo o abraçou com o penhor de uma igualdade que nem a mais próspera sociedade um dia já sonhou.
E se ao restar só e filho, o que anda carregando o próprio corpo abandonado, lá vai o bravo soldado à luta fingida igual a intenção de um germicida que longe do povão, aperfeiçoa para seu intento, da alma dos coitados, o seu quinhão.
O que se sabe de tudo isso é apenas a questão: alguém salve seu Brasil. Sua saúde pode matá-lo.
A parte do corpo que mais utilizava era o cotovelo — e com que desvelo... Com ele seu Brasil perdia a vida e ganhava a morte. Não era um cotovelo qualquer. Não, não senhor. Era um cotovelo de última geração. Todo calejado com o mais resistente efeito de dormência que um cotovelo poderia ter. Os balcões da vida que o digam. Quantos deles se entregaram resignadamente diante desse peso constituído de carne ressecada e ossos porosos a lhes pressionarem a lisa e empossada superfície etílica.
Mas seu Brasil tinha a persistência da desistência. Com a mesma facilidade com que se inflamava na tola e passageira alegria, queimava-se na malandragem feita por tanta mal disfarçada tristeza.
Ninguém duvida da capacidade e dos talentos ocultos que habitam o seu Brasil. Quando bem intencionado, dele poderia se extrair muitas insuspeitas riquezas.
Seu Brasil mal sabe que carrega em si o destino que tanto pensa saber. Seu Brasil é o pai do futuro de seu filho gerado por uma impaciência atrevida tão devida mais por alienação incultivada do que por uma ignorância herdada.
Ah seu Brasil... o tempo acaba só quando termina. E mina aos poucos o pouco que ainda resta do nada que se pensou ter.
Filhos de homens como seu Brasil, são gentis com o próprio solo onde pisam por respeito ao calejado que a vida lhes impõe.
Um dia seu Brasil vai morrer. E com ele sua curta memória de uma vida tão curta de importância, que vai ficar na lembrança apenas mais um capítulo da novela que deixou de ver.
Ouvir-se-á lá ao longe num Ipiranga imaginário, que o filho daquele otário, o amou com tanta intensidade que na verdade somente o silêncio do mundo o abraçou com o penhor de uma igualdade que nem a mais próspera sociedade um dia já sonhou.
E se ao restar só e filho, o que anda carregando o próprio corpo abandonado, lá vai o bravo soldado à luta fingida igual a intenção de um germicida que longe do povão, aperfeiçoa para seu intento, da alma dos coitados, o seu quinhão.
O que se sabe de tudo isso é apenas a questão: alguém salve seu Brasil. Sua saúde pode matá-lo.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Rio 40 Graus
Isso nunca foi novidade para mim. Sentir temperaturas de 40, 41 e até 42 graus era comum na minha vida. Nasci e cresci em Realengo, na região mais quente do Rio de Janeiro. Aliás, o velho termômetro com a estampa de Nossa Senhora da Aparecida está pendurado na mesma sombra de 40 anos atrás, na casa de minha mãe.
Agora vivemos intensamente o "Aquecimento Global". Não sei a quem interessa essa expressão, mas que tem gente ganhando muito dinheiro com ela... isso lá tem.
Os mesmos 40 graus da minha infância são tratados hoje com grande estardalhaço. Como a temperatura medida não pode ser aumentada, pois o medido está medido e irremediado, inventaram um termo subjetivo, de maneira a informar a mesma temperatura de outrora, com o sensacionalismo de hoje: A Sensação Térmica.
É mais ou menos assim: O meu sovaco hoje está com uma sensação térmica de 42 graus, já os meus testículos que possuem um sistema de auto regulação, afastando-se do corpo quando a coisa esquenta, estão sempre fresquinhos, mais ou menos a uns 35 graus.
E assim acontece na vida, mas não satisfeitos das temperaturas nunca chegarem aos 45 ou 48 graus, os donos da mídia nos informam com grande alegria: "A sensação térmica hoje chegou a 50 graus", diz a mocinha do tempo, toda satisfeita e sorridente.
Ao ouvirem isso, os velhinhos logo começam a sentir falta de ar, sentem-se abafados, a pressão aumenta e o resultado tem sido trágico. Ou alguém nunca ouviu falar em somatização? Pois então, os pobres velhinhos somatizam os 50 graus da mocinha sorridente e acabam batendo as botas.
Pense nisso, se fosse da maneira como eles divulgam, meu saco já estaria arrastando no chão.
Será isso, um complô contra a turma da terceira idade?
Parece coisa do INSS.
Faz sentido...
Marcos Santos
Agora vivemos intensamente o "Aquecimento Global". Não sei a quem interessa essa expressão, mas que tem gente ganhando muito dinheiro com ela... isso lá tem.
Os mesmos 40 graus da minha infância são tratados hoje com grande estardalhaço. Como a temperatura medida não pode ser aumentada, pois o medido está medido e irremediado, inventaram um termo subjetivo, de maneira a informar a mesma temperatura de outrora, com o sensacionalismo de hoje: A Sensação Térmica.
É mais ou menos assim: O meu sovaco hoje está com uma sensação térmica de 42 graus, já os meus testículos que possuem um sistema de auto regulação, afastando-se do corpo quando a coisa esquenta, estão sempre fresquinhos, mais ou menos a uns 35 graus.
E assim acontece na vida, mas não satisfeitos das temperaturas nunca chegarem aos 45 ou 48 graus, os donos da mídia nos informam com grande alegria: "A sensação térmica hoje chegou a 50 graus", diz a mocinha do tempo, toda satisfeita e sorridente.
Ao ouvirem isso, os velhinhos logo começam a sentir falta de ar, sentem-se abafados, a pressão aumenta e o resultado tem sido trágico. Ou alguém nunca ouviu falar em somatização? Pois então, os pobres velhinhos somatizam os 50 graus da mocinha sorridente e acabam batendo as botas.
Pense nisso, se fosse da maneira como eles divulgam, meu saco já estaria arrastando no chão.
Será isso, um complô contra a turma da terceira idade?
Parece coisa do INSS.
Faz sentido...
Marcos Santos
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
O ovo
Uma criança de seus 5 anos, nascida na boa sorte de uma família economicamente mediana, vive feliz no seu mundo feito de brincadeiras e gulousemas. Dorme profundamente a sonhar ansiosa pelo dia de amanhã que, para ela, nunca acabará. Durante o sono, uma voz de timbre amigável, diz-lhe: “Que bom o mundo ser assim não é mesmo? Você dorme, acorda, come o que gosta e depois vai brincar até se cansar. Porque então não continuar dessa forma para sempre?”
A criança acorda com a seguinte idéia na cabeça: “isso mesmo, não vou deixar de ser criança nunca! Ficarei para sempre nessa fase. Não serei um adolescente como meu irmão.”
O tempo passa e a adolescência chega para essa criança. Uma revolta tida como sem causa pela crítica exterior, o torna inquieto com o mundo e consigo mesmo. E o adolescente lembrando-se da voz que, na sua infância, lhe falou no sonho, decide: “dessa vez não me pegarão; vou manter-me adolescente e ninguém irá alterar isso!”
Mas o tempo, como que dando de ombros à efemeridade dos queixumes humanos, esvazia toda essa utópica pretensão adolescente e remete-lhe direto para a fase pré-adulta, sua juventude.
Nessa fase, aquela criança sentindo-se como que sufocada por inúmeras responsabilidades, se encolhe interiormente e de lá emite um S.O.S.: “finque sua bandeira da vitalidade e energia, não saia dessa fase!”
Frio como um mármore, lá se vai o tempo indiferente aos ideais da juventude. E com ele a própria juventude. Chega a “idade madura”. Ou, mais dura?
Agora o seu diálogo interno diz: “como sei o que é a vida, dosarei todos os meus passos; só irei na boa e assim me manterei, até darei orientações para os imaturos.”
Imponderável como o amanhã, o tempo empurra o “tolo filósofo” para a velhice.
Sem ter opção, acorda de madrugada a procura daquela voz que o acompanhou desde criança. A voz emudeceu. Em seu lugar surge um ovo. Um ovo? Sim, um ovo. O tamanho é de dimensões imprecisas. Se quiser vê-lo pequeno, pequeno ele será. Se quiser quase desaparecer próximo a ele, gigante ele se tornará. Não é magia, não é feitiço, não é sobrenatural: é um... ovo.
Ele tem casca. Não uma casca dura. Mas se quiser que seja dura ela o será. A cor da casca é o mistério maior: é incolor; ou melhor: é transparente.
O que tem dentro do ovo? Forçando a visão para além da casca, o moribundo olha fracamente e o que vê o emudece; seca sua garganta; paralisa seus membros. Porque ele vê exatamente o que quer ver. E o que vê o amedronta. Pois o que o amedronta está pronto para sair da casca. Está pronto para nascer.
Ele fecha os olhos. Não quer ver mais um nascimento.
Absorvido em total inconsciência, encolhe-se; dissolve-se.
Um primeiro olhar, um primeiro pensamento reconhecido como tal, diz: “como faço para dormir? Basta fechar os olhos?”
E a criança começa seu aprendizado.
A criança acorda com a seguinte idéia na cabeça: “isso mesmo, não vou deixar de ser criança nunca! Ficarei para sempre nessa fase. Não serei um adolescente como meu irmão.”
O tempo passa e a adolescência chega para essa criança. Uma revolta tida como sem causa pela crítica exterior, o torna inquieto com o mundo e consigo mesmo. E o adolescente lembrando-se da voz que, na sua infância, lhe falou no sonho, decide: “dessa vez não me pegarão; vou manter-me adolescente e ninguém irá alterar isso!”
Mas o tempo, como que dando de ombros à efemeridade dos queixumes humanos, esvazia toda essa utópica pretensão adolescente e remete-lhe direto para a fase pré-adulta, sua juventude.
Nessa fase, aquela criança sentindo-se como que sufocada por inúmeras responsabilidades, se encolhe interiormente e de lá emite um S.O.S.: “finque sua bandeira da vitalidade e energia, não saia dessa fase!”
Frio como um mármore, lá se vai o tempo indiferente aos ideais da juventude. E com ele a própria juventude. Chega a “idade madura”. Ou, mais dura?
Agora o seu diálogo interno diz: “como sei o que é a vida, dosarei todos os meus passos; só irei na boa e assim me manterei, até darei orientações para os imaturos.”
Imponderável como o amanhã, o tempo empurra o “tolo filósofo” para a velhice.
Sem ter opção, acorda de madrugada a procura daquela voz que o acompanhou desde criança. A voz emudeceu. Em seu lugar surge um ovo. Um ovo? Sim, um ovo. O tamanho é de dimensões imprecisas. Se quiser vê-lo pequeno, pequeno ele será. Se quiser quase desaparecer próximo a ele, gigante ele se tornará. Não é magia, não é feitiço, não é sobrenatural: é um... ovo.
Ele tem casca. Não uma casca dura. Mas se quiser que seja dura ela o será. A cor da casca é o mistério maior: é incolor; ou melhor: é transparente.
O que tem dentro do ovo? Forçando a visão para além da casca, o moribundo olha fracamente e o que vê o emudece; seca sua garganta; paralisa seus membros. Porque ele vê exatamente o que quer ver. E o que vê o amedronta. Pois o que o amedronta está pronto para sair da casca. Está pronto para nascer.
Ele fecha os olhos. Não quer ver mais um nascimento.
Absorvido em total inconsciência, encolhe-se; dissolve-se.
Um primeiro olhar, um primeiro pensamento reconhecido como tal, diz: “como faço para dormir? Basta fechar os olhos?”
E a criança começa seu aprendizado.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Sobre um incidente no Quiosque
Vim visitar o Quiosque, fazendo ao menos uma das já praticamente incontáveis visitas virtuais por mim devidas. Li o post do Leandro sobre o tempo, esse cruel, implacável e eterno passador. Achei previsivelmente interessante, como soem ser os textos dele, de que sempre gosto. Até este ponto, a visita pagou-se. O mesmo se dá com todos os demais posts que aqui venho apreciar. Por um motivo ou por outro, sempre me agradam.
Então percorro os comentários e vejo a bronca da Lu. Teve até post em separado para tratar do assunto. E ela ainda tem a fineza de deixar em aberto a discussão sobre se teria cometido uma arbitrariedade ao 'deletar' um comentário importuno.
De minha parte, Lu, francamente, não sei dizer o que penso sobre se sua decisão foi ou não foi arbitrária. Prefiro inclusive nem pensar, pois acho isso de pequena relevância. Hemos de convir que é seu direito e dever defender nosso quiosque como melhor lhe aprouver, e ponto. Você fez o que achou melhor e que cada um ache e diga o que bem entender. Abstenho-me simplesmente de opinar, mas que fique logo bem claro: todas as possíveis opiniões que se levantarem terão meu respeito. Tanto da parte de quem concorde como da de quem discorde do que você fez, só consigo esperar opiniões que mereçam leitura por aqui. E você mesma, Lu exerceu democracia da boa ao se mostrar aberta a ouvir todas as nossas opiniões. Se declino de proferir agora a minha é tão somente por não ter, mesmo. Deixo minha neutralidade declarada. Deixo subentendido que mesmo tacitamente apoiarei todas as medidas e providências que sejam boas para este Quiosque.
Aliás, também fui visitado no blog Me and My English pela mesma pessoa. Achei que a forma de divulgar sua literatura tinha um traço com que pessoalmente não consigo simpatizar. Não me refiro ao teor nem à qualidade de seus textos, teor e qualidade bastante duvidosos, a meu ver. Nada tenho contra quem goste do gênero, que sobre isso não pairem dúvidas, eu é que não gosto, e não gosto mesmo, sei que há muita coisa incomparavelmente melhor pra se ler na blogosfera, inclusive os textos que os colegas quiosqueiros postam aqui, mesmo. O que me causa espécie na verdade é o fato de a pessoa em questão usar uma estratégia de marketing desnecessariamente agressiva, invasiva mesmo, e que no fim das contas não depõe a seu favor. Ela não demonstra que leu nada no blog visitado, não se mostra nem um tiquinho interessada nos conteúdos de seus anfitriões, ou pelo menos foi assim comigo, e parece que assim foi também aqui. A essa altura do campeonato já me permito presumir que ela aja sempre nessa base.
Tenho por critério adotado faz um bom tempo responder ali mesmo e individualmente a cada comentarista ou comentário que apareça em qualquer um dos meus blogs. Desta forma dialogo publicamente com meus interlocutores que são atenciosos e gentis, gente que explicitamente aprecia meus escritos e só por este fato já merece minha atenção, e decerto a tem. Esforço-me por sempre retribuir cada visita que recebo, inclusive, porque acho essa coisa de bom tom. Também faço questão de respeitar toda e qualquer opinião. A leitura que cada pessoa faz de qualquer um de meus textos é individual, e não raro acaba por enriquecer seu entendimento com novas achegas, sempre oportunas e muito bem vindas.
Mas quando uma pessoa me visita inequivocamente só para 'vender seu peixe', a coisa muda bastatante de figura. Dou-me então o direito de não interpretar uma visita desse tipo como respeitosa, já que a forma escolhida para a divulgação do próprio trabalho nem de longe sugere o menor vestígio de interesse pelo meu. Claro que eu continuo reconhecendo e defendendo a legitimidade de todos os esforços que as pessoas movem no sentido de divulgar o próprio trabalho. Mas isso pode e deve ser feito com algum bom senso, com algum bom gosto, com alguma elegância. Mesmo no caso de convites que apresentem todas estas características, o conteúdo do que se oferece pode me interessar ou não. Se não interessar, agradeço o convite mas...
Agora, na ausência de todas elas, francamente, o que será que a criatura está esperando?
Então percorro os comentários e vejo a bronca da Lu. Teve até post em separado para tratar do assunto. E ela ainda tem a fineza de deixar em aberto a discussão sobre se teria cometido uma arbitrariedade ao 'deletar' um comentário importuno.
De minha parte, Lu, francamente, não sei dizer o que penso sobre se sua decisão foi ou não foi arbitrária. Prefiro inclusive nem pensar, pois acho isso de pequena relevância. Hemos de convir que é seu direito e dever defender nosso quiosque como melhor lhe aprouver, e ponto. Você fez o que achou melhor e que cada um ache e diga o que bem entender. Abstenho-me simplesmente de opinar, mas que fique logo bem claro: todas as possíveis opiniões que se levantarem terão meu respeito. Tanto da parte de quem concorde como da de quem discorde do que você fez, só consigo esperar opiniões que mereçam leitura por aqui. E você mesma, Lu exerceu democracia da boa ao se mostrar aberta a ouvir todas as nossas opiniões. Se declino de proferir agora a minha é tão somente por não ter, mesmo. Deixo minha neutralidade declarada. Deixo subentendido que mesmo tacitamente apoiarei todas as medidas e providências que sejam boas para este Quiosque.
Aliás, também fui visitado no blog Me and My English pela mesma pessoa. Achei que a forma de divulgar sua literatura tinha um traço com que pessoalmente não consigo simpatizar. Não me refiro ao teor nem à qualidade de seus textos, teor e qualidade bastante duvidosos, a meu ver. Nada tenho contra quem goste do gênero, que sobre isso não pairem dúvidas, eu é que não gosto, e não gosto mesmo, sei que há muita coisa incomparavelmente melhor pra se ler na blogosfera, inclusive os textos que os colegas quiosqueiros postam aqui, mesmo. O que me causa espécie na verdade é o fato de a pessoa em questão usar uma estratégia de marketing desnecessariamente agressiva, invasiva mesmo, e que no fim das contas não depõe a seu favor. Ela não demonstra que leu nada no blog visitado, não se mostra nem um tiquinho interessada nos conteúdos de seus anfitriões, ou pelo menos foi assim comigo, e parece que assim foi também aqui. A essa altura do campeonato já me permito presumir que ela aja sempre nessa base.
Tenho por critério adotado faz um bom tempo responder ali mesmo e individualmente a cada comentarista ou comentário que apareça em qualquer um dos meus blogs. Desta forma dialogo publicamente com meus interlocutores que são atenciosos e gentis, gente que explicitamente aprecia meus escritos e só por este fato já merece minha atenção, e decerto a tem. Esforço-me por sempre retribuir cada visita que recebo, inclusive, porque acho essa coisa de bom tom. Também faço questão de respeitar toda e qualquer opinião. A leitura que cada pessoa faz de qualquer um de meus textos é individual, e não raro acaba por enriquecer seu entendimento com novas achegas, sempre oportunas e muito bem vindas.
Mas quando uma pessoa me visita inequivocamente só para 'vender seu peixe', a coisa muda bastatante de figura. Dou-me então o direito de não interpretar uma visita desse tipo como respeitosa, já que a forma escolhida para a divulgação do próprio trabalho nem de longe sugere o menor vestígio de interesse pelo meu. Claro que eu continuo reconhecendo e defendendo a legitimidade de todos os esforços que as pessoas movem no sentido de divulgar o próprio trabalho. Mas isso pode e deve ser feito com algum bom senso, com algum bom gosto, com alguma elegância. Mesmo no caso de convites que apresentem todas estas características, o conteúdo do que se oferece pode me interessar ou não. Se não interessar, agradeço o convite mas...
Agora, na ausência de todas elas, francamente, o que será que a criatura está esperando?
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Crônicas e Achaques
Bom tarde senhores seguidores e cronistas do Quiosque do Pastel,
Este blog foi criado com a finalidade primeira de reunir amigos e pessoas que trazem no sangue, a (mania) de escrever e se expressar por meio de textos de conteúdo inteligente, atual, bem humorado e toda sorte de adjetivos que fazem dessa escrita uma crônica interessante e que acrescente em termos de boa literatura.
O Quiosque foi criado em maio de 2009 e nasceu de uma idéia adormecida que insistia para acordar e se fazer presente.
Para tanto eu precisava reunir um grupo e assim foi. Tanto é que em menos de 30 dias o blog tinha mais de 100 acessos.
Então reconheci o interesse por um espaço desses na net. E todos que aqui escrevem e comentam só vieram somar dentro da expectativa que eu sonhava em fazer uma casa de crônicas. Entretanto, o espaço é público (mas por que não seria?) se a proposta era justamente esta.
Essa minha fala (quase) explicativa, tem caráter de alerta para que este espaço não caia na mesmice do vulgar que tenho visto pela net. Mesmo porque a turma que aqui escreve é altamente inteligente para que isto não aconteça.
Na verdade, toda essa explanação tem um objetivo: que nossa casa de crônicas mantenha (sobretudo) o respeito com as pessoas e a literatura de um modo geral.
Digo isso porque hoje (7/02/10) abri o blog e me deparei com um “comentáriozinho” de baixo calão que nada tinha a ver com o texto, que foi produzido por nosso colega Leandro Soriano, logo abaixo.
O comentário foi excluído por mim, justamente porque este blog não é, e nunca será vulgarizado por literatura sem qualidade.
Se (por acaso) alguém tenha achado arbitrário a exclusão, fique a vontade e expresse sua opinião.
Muito Obrigada
A admistração
Lu Cavichioli
Este blog foi criado com a finalidade primeira de reunir amigos e pessoas que trazem no sangue, a (mania) de escrever e se expressar por meio de textos de conteúdo inteligente, atual, bem humorado e toda sorte de adjetivos que fazem dessa escrita uma crônica interessante e que acrescente em termos de boa literatura.
O Quiosque foi criado em maio de 2009 e nasceu de uma idéia adormecida que insistia para acordar e se fazer presente.
Para tanto eu precisava reunir um grupo e assim foi. Tanto é que em menos de 30 dias o blog tinha mais de 100 acessos.
Então reconheci o interesse por um espaço desses na net. E todos que aqui escrevem e comentam só vieram somar dentro da expectativa que eu sonhava em fazer uma casa de crônicas. Entretanto, o espaço é público (mas por que não seria?) se a proposta era justamente esta.
Essa minha fala (quase) explicativa, tem caráter de alerta para que este espaço não caia na mesmice do vulgar que tenho visto pela net. Mesmo porque a turma que aqui escreve é altamente inteligente para que isto não aconteça.
Na verdade, toda essa explanação tem um objetivo: que nossa casa de crônicas mantenha (sobretudo) o respeito com as pessoas e a literatura de um modo geral.
Digo isso porque hoje (7/02/10) abri o blog e me deparei com um “comentáriozinho” de baixo calão que nada tinha a ver com o texto, que foi produzido por nosso colega Leandro Soriano, logo abaixo.
O comentário foi excluído por mim, justamente porque este blog não é, e nunca será vulgarizado por literatura sem qualidade.
Se (por acaso) alguém tenha achado arbitrário a exclusão, fique a vontade e expresse sua opinião.
Muito Obrigada
A admistração
Lu Cavichioli
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Passa tempo, passa...
Era uma vez... não, duas vezes, quem sabe três, um contador de tempo. Não parava de contar o tempo; a toda hora, a todo minuto, a todo segundo, a todo instante, o seu tempo era todo ocupado por esse que sem dúvida, era seu passatempo predileto. Nada lhe escapava pelos dedos de sua arguta observação temporal. Era muito requisitado; tanto no passado, no presente como também para futuros passatempos. Agenda lotada; não tinha tempo para mais nada. Nem mesmo para terminar este texto. Por isso e por outro isso, pediu um tempo e se "FUI".
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Ela, a gota
...linda e transparente, a nobre e pequena gota reluzia na folha verde da relva. Desde a última estiagem que ela estava assim, sobranceira, cintilante, mas só e infeliz.
Tremeluzente, bailava na verde folha ao ritmo suave do vento. Ela, a gota, sabia por natureza que os céus podiam enviar à terra repentina tempestade de milhões de outras gotas, e aí sim, teria de juntar-se a elas, fundir-se, desfazer-se, desmanchar. Transcender generosamente para dar lugar à Grande Gota, infinitamente maior do que ela!!!
Bailarina, não se considerava feliz. Faltavam-lhe vigor e energia.
Subitamente, esboçando mais que um tímido e leve sorriso, despertou. É que naquele exato momento, um vigoroso Raio de Sol veio atingi-la em cheio, e a gota, estremecendo em todas as suas veias, artérias, vasos sanguíneos, nervos e músculos, tornou-se forte, percebeu que precisava rever urgente todos os seus infindáveis (pré)conceitos...
O reflexo dourado e estonteante da luz do sol a embriagou, seduziu.
Contam que são hoje namorados, experienciando todas as formas de amar.
Ele, o Raio de Sol; ela, a gota de orvalho.
(Graça Lacerda)
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