Lá fora um luar deslumbrante, cá dentro uma solidãozinha doída... Se eu não tomar cuidado, esta vai ser mais uma daquelas noites em que o choro vai querer lavar a alma...
A casa já quase em silêncio, a música tocando baixinho, entrando pelos ouvidos, mexendo com o coração...
A saudade, companheira de tantas noites vazias, aproveitando-se de um momento de descuido, vai chegando de mansinho, instalando-se na poltrona ao lado, sorrindo, como se chegasse para adoçar a noite, mas trazendo no olhar um que de impiedade... E, mansamente, vai acabar por me envolver colocando diante de mim um sorriso, um doce olhar, a mão cheia de ternura, o abraço de aconchego, a voz quente, a companhia, tantas histórias, tantos sonhos, tantos risos e tantas lágrimas, misturando sentimentos na dor da ausência. Melhor espantar logo essa saudade.
Não, saudade, não quero sua companhia nesta noite de tanto luar... Amanhã talvez chova e em noite de chuva sempre gosto de me enrodilhar em seu aconchego, até gosto de sua companhia. Mas hoje?... Ah, não... Hoje não. Todo esse luar espalha uma tão doce magia, que conduz a alma, inexoravelmente, aos sonhos. Em noites assim, almas inquietas, como a que mora em mim, abrem-se em devaneios, ganham asas e voam entre hemisférios e continentes, em busca de sonhos há muito perdidos. E nesta noite, por influência de Dona Lua, prefiro libertar minha alma, partindo suas amarras, deixando-a voar livremente, a permitir que mergulhe na saudade, na dor, no vazio da ausência...
Va-se embora, saudade, por favor... Volte amanhã, minha nem sempre desejada amiga, se não fizer tanto luar...
Não, saudade, não quero sua companhia nesta noite de tanto luar... Amanhã talvez chova e em noite de chuva sempre gosto de me enrodilhar em seu aconchego, até gosto de sua companhia. Mas hoje?... Ah, não... Hoje não. Todo esse luar espalha uma tão doce magia, que conduz a alma, inexoravelmente, aos sonhos. Em noites assim, almas inquietas, como a que mora em mim, abrem-se em devaneios, ganham asas e voam entre hemisférios e continentes, em busca de sonhos há muito perdidos. E nesta noite, por influência de Dona Lua, prefiro libertar minha alma, partindo suas amarras, deixando-a voar livremente, a permitir que mergulhe na saudade, na dor, no vazio da ausência...
Va-se embora, saudade, por favor... Volte amanhã, minha nem sempre desejada amiga, se não fizer tanto luar...
10 comentários:
- Sim, neguemos o ingresso dessa amiga insistente em noites claras de plenilúnio... são noites para perseguir sonhos, não para sermos perseguidos por doces e tristss recordações. Que ela volte a nos procurar nas semanas de lua nova.
- Mas vá convencer a impertinente, quando ela cisma de entrar...
- Belo texto, Dulce. Abraços.
Uma poesia sem versos...
Mas, com muita beleza.
Realmente, há outras companhias melhores que a saudade para se apreciar uma noite de luar...
Saudações, Dulce!
Entaum Dulce, nossa musa-mãe faz dessas... Aparece e nos deixa melancólicas, saudozistas, as vezes perdida em saudades ...
Primor de texto em prosa póetica,como lhe é peculiar.
bjka amiga!
R R Barcelos
Pois é!... o pior é que você está certíssimo. Na maioria das vezes, em noites assim, ela chega primeiro e vai ficando... ficando...
Obrigada, Barcelos. Um abraço e uma boa tarde para você.
Leonel
E devemos tentar, sempre, em noites assim, cheias de luar e de nostalgia, abrir caminho para o que mais nos acalente a alma.
Obrigada, Leonel, um abraço e uma boa tarde para você
Lu Cavichioli
E fazer o que, né amiga? Somos (grande parte de nós) total e completamente tomados pela magia de Dona Lua...
Beijos, obrigada e uma boa tarde para você.
Que palavras tocantes, acho que a saudade sempre ronda nossos corações quando ficamos sós em introspecção,acheei muito bonito o seu texto.
um abraço.
Aída Tovar
Obrigada, Aída. E não tem como não ficarmos saudosos em momentos assim. Afinal, carregamos toda uma vida, tantas lembranças, tantos momentos...
Um abraço e uma boa noite para você.
Gostei muito Dulce.
Devo confessar que sou um saudosista inveterado.
Tenho uma ótima relação com a saudade, venha ela numa noite de luar ou debaixo de um sol de rachar. Talvez seja por receber bem o inevitável da morte...quem sabe?
Marcos Santos
Ainda estou tocada (e muito) pelo seu texto (Infância perdida).Mãe e avó que sou, sei que, nem de longe, conseguiria avaliar, por mais que o tentasse, o tamanho da dor e da tristeza de um momento como aquele, mas adivinho a força de seu espírito.
Também convivo bem com a saudade. Umas vezes ela me acolhe, me envolve, num acalanto, outras vezes ela chega pronta para infernizar minhas noites, e assim vamos seguindo, numa cumplicidade só.
Obrigada, Marcos, um abraço e uma boa noite para você.
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