Já passava do meio dia quando o
repórter surgiu à porta da secretaria-almoxarifado-copa-diretoria... Como
dizem os cariocas: “tudo junto e misturado” desde que se deu início à bendita
reforma.
Reformas são bem-vindas. Mas
seriam mais significativas se mexessem de fato com as estruturas decadentes de
um prédio construído há milênios (exagero à parte) sem nenhum planejamento.
Voltando ao repórter surgido do
nada.
- Nós somos da TV, gostaríamos de
saber como está a reforma.
- Oi? Não está.
Rindo após ouvir obviedades, ele
pergunta:
- Mas já era pra ter sido
concluída, né? Quando começou?
A funcionária metida a
contestadora, responde:
- Começou em fim de janeiro, como
diz a placa lá na frente, a construtora tinha noventa dias pra entregar a
escola e assim o ano letivo não ser tão prejudicado... Como vê, esses noventa
dias deram cria.
- E agora? E os alunos?
- E agora, José? José para onde?
Quem conseguiu vaga em outras escolas, #partiu! (uau, estou interneticamente
antenada, usei o negocinho do meu sonho), quem confiou no processo, tem grande
possibilidade de ficar a ver navios nesse ano, porque não se tem perspectiva de
quando isso tudo se resolve. A construtora foi substituída, eles tem mais
quinze dias pra fazer uma licitação seríssima a fim de contratarem outra, que
dessa vez não usará material de quinta, ou telhas reaproveitadas de outras
escolas, ou virarão a madeira de ponta-cabeça pra ocultar rachaduras... Por que agora tudo vai ser bem fiscalizado. Eles se distraíram um pouco, eu acho,
não foi de propósito não. Só tem gente séria e bem intencionada metida nisso.
O moço risonho foi embora,
prometendo voltar no dia seguinte para filmar a bagaceira escolar, num período
em que as aulas deveriam estar em plenos pulmões. Reformas são bacaninhas,
ainda mais quando realizadas em ano político, onde as verbas dão em árvores e
são repartidas a contento de todos. Mais ou menos como dizia São Luiz Gonzaga,
o Rei do Baião: “um pra mim, um pra tu, um pra eu”...
E num futuro bem ali serão esses
estudantes sem escola que disputarão vagas nas universidades com outros advindos das escolas particulares e bons cursinhos preparatórios. Você, caro leitor, arriscaria dizer quantos desses alunos desgarrados do ano letivo em curso (são mais de quinhentos), conseguirão alcançar uma faculdade?
E assim caminha a desigual
brasilidade.
(A Milene Lima - O palíndromo)
7 comentários:
Coisas assim é que me deixam ainda mais revoltado com as "soluções" como as tais cotas raciais (ou racistas)!
O problema é sócio-educacional!
E a causa é exatamente a falta absoluta de vergonha na cara!
Os criminosos que deixam crianças sem aula, fazendo-os perder um tempo que jamais poderá ser recuperado deviam ser fuzilados!
Com a astronômica fortuna que pagamos de impostos neste país, se houvesse um pingo de seriedade e honestidade na administração pública, coisas assim nunca poderiam acontecer!
Muito menos as supostas "soluções" demagógicas! Arghhh!
O legislativo e o executivo federal são como Sodoma e Gomorra, dignos de virarem enxôfre e cinzas!
Se houvesse pelo menos três homens justos em Brasília, eu pouparia a esplanada da destruição!
Muito triste, Milene!
Mas verdadeiro!
Bjs!
A população de Alagoas está entregue as baratas. Além das escolas, a cidade da Paripueira a rodovia que corta a cidade, as calçadas estão obstruidas, placas demais que ofuscão as placas de sinalizações, as pessoas tem que ir para pista por não ter calçadas. E quando existe calçadas estão cheias de lixo, mato, metralha, placas de propaganda, . . .
é como se não tivesse governo.
Beijos!
Esta cidade da qual estou falando é localizada vizinho a sua capital Maceió no Estado de Alagoas.
Beijos!
Óie!! é pur essas e otras cousas quêu sô devoto do "acabocumisso"... Porrrrr*******xá... rss
Dorei ler ocê aqui...
Beijo
Tatto
O pior, Milene, em sua denúncia é que você mostra um caso que sabemos verdadeiro, mas pontual que se multiplica pelo pais inteiro. Fosso só o caso dessa escola ou só o caso alagoano, o mal seria de proporções relativamente pequenas, mas infelizmente não é. A realidade geral tem o perfil que você descreve. é de estarrecer, mesmo. Gostaria de ser otimista quanto à educação pública, mas diante de um quadro deste, fica bem difícil.
Pobre Alagoas... pobre terra de Zumbi, onde crianças são espoliadas de seu futuro e do seu presente por outros "zumbis", esses, sim, mortos-vivos - mortos de decências, vivos de podridões...
E no resto do Brasil o mal se espalha sem barreiras sanitárias. Até quando?
Beijos, querida.
E o Maranhão? 161 escolas com o nome dos Sarney e 61% da população sem ensino básico. Esse país prefere criar caso com um integrante da Fifa que afirma que precisamos de um chute no traseiro. Mas os Sarney nos chutam onde?
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