No Balcão do Quiosque

sábado, 15 de setembro de 2012

O CARRO PRATA


O cotidiano se encarregara de preparar tudo como sempre naquela manhã de quarta-feira. Acordei com minha habitual preguiça assim que o despertador me irritou pela terceira vez, corri lentamente para o banho gelado a fim de começar a acreditar que ser adulta e responsável e trabalhadora é parte da vida real... Inconvenientemente real.

Tudo prontinho para esperar a carona do dia, a fim (nem tanto a fim) de chegar ao trabalho. Havia ligado pra minha cunhada mais cedo e estava confirmada a passagem dela. Na hora quase marcada me coloquei a esperar no mesmo bat-local, o braço do sofá, onde me acostumei a sentar e nem posso reclamar quando algum pequeno pestinha visitante o fizer. Esperávamos eu e Cicinha, vizinha, amiga, colega de trabalho. Lá pelas tantas para o carro PRATA na porta e eu ansiosa que só (não acreditem nisso) me encaminhei ao sujeito objeto de quatro rodas. Era PRATA. Era carro. Que diabos de dúvida eu haveria de ter? Consigo bem diferenciar uma brasília de um fusca, o resto é tudo igual.

Enquanto a Cicinha fechava a porta da minha humilde choupana, eu me aproximava da porta do negócio prata, puxei o trinco (carro tem trinco? Maçaneta? Que raios é aquilo?), bem achei diferente do carro da minha cunhada, mas era PRATA, tava valendo. Abri a porta sim senhores!  E no banco do passageiro do carro PRATA da minha cunhada toda organizadinha havia um monte de sacola esculhambada, uma bolsa grande no piso do carro. Estranhei mas mesmo assim me posicionei pra tirar as coisas e sentar, quando olhei pro banco do motorista  e lá estava uma moça loira que definitivamente não era minha cunhada moreníssima do cabelo de índia. A moça falava ao telefone ao mesmo tempo em que acenava enlouquecida, fazendo sinal de NÃO, para eu não me sentar no banco do passageiro do carro PRATA que era dela.

Ela havia parado apenas para falar ao celular, justo na minha porta, que esperava um carro PRATA, que não era fusca nem brasília. Enquanto meu estômago dizia dores de tanto riso, eu tentava dizer pra ela que não era um assalto. Risos  estrondando de lá e de cá. Eu, ela e Cicinha, enquanto ela provavelmente respondia a quem estava do outro lado da linha e perguntava que balbúrdia da gota serena era aquela que  “a moça tinha entrado no carro errado”.

Mas que era PRATA, era sim senhor!

(Milene Lima)

11 comentários:

Denise disse...

O lúdico é atraente...e vc brinca com as palavras desse jeito gostos, que a gente vai comendo as letrinhas, prontos pra digerir mais uma boa história sua, moça querida, divertida e quase animada pra ir trabalhar...de carro prata, sim!!

Bjoca

MARILENE disse...

Já chorei de rir! Estava precisando ler algo assim, antes de ir dormir.
Você é ótima! Bjs.

chica disse...

rssss....Lindo como tudo que a Milene escreve!! beijos, às duas e lindo fds!chica

João Esteves disse...

Raciocínio de loura ao volante: "se vou telefonar, não dirijo". E ela correta e prudentemente estaciona, com esta convenhamos bem razoável preocupação de segurança, só que exatamente onde outro veículo da mesmíssima cor naquela exata hora estava sendo esperado. Tanta coincidência transcende toda a lourice ao volante deste mundo. Só mesmo nossa Pétala Rosadinha pra contar tão saborosamente, e com seu sotaque, o episódio. Valeu, Milene, pelo pastel de hoje!

R. R. Barcellos disse...

Sempre igual e diferente
De tantas outras Miminhas
Que tanto trazem à gente
Histórias de carochinhas
Ou micos do dia-a-dia
Vestidos de fantasia
Colorida e sorridente!


Só você, Mi... não pra pagar os micos, que nisso todo mundo é mestre, mas para contá-los com essa alegria, sim, alegria... dom único e exclusivo seu.
Milenice. É isso.

Beijos.

Sérgio Santos disse...

Genial, Milene! Já vi ligarei errado e até baterem na casa errada, mas entrar no carro errado é a primeira vez! hahaha

Regina Rozenbaum disse...

Acho que cometeu uma inversão nas postagens. O poema deveria estar aqui e esse carro lá no Inquietude. Mesmo aplicada no poetar (e tirando 10 com louvor)a-do-ro (preferencialmente) suas crônicas. Pronto falei! E repetirei exaustivamente. Outra coisa: como ousa, petulante, pedir pra não rir??? Cê anda muito abusada, visse?
Beijuuss, Mi_nha cronista amaaada e humorada, n.a.
P.S: quer fazer o favor de tirar essa verificação de robô daqui?! Endoidou foi? Ô saco sÔ!

Marcos Santos disse...

Essa é nova.
Já entrei no ônibus errado, banheiro feminino, porta errada...mas carro alheio...foi novidade.

Anônimo disse...

Pois eu ja fiz isso , achava que era meu irmão....entrei, sentei, qdo estava fechando a porta o cara diz: vamos pra onde belezura??? Olha, eu , meu guarda chuva e cadernos saimos rolando rua abaixo e tonta dava gargalhadas na chuva(depois de correr, né).

Será que é mal das librianas, hein???


Beijo

(agora vou exercitar minha paciência com estas letrinhas identificadoramente chatas)

Milene Lima disse...

Pessoas, o blog não é meu, é da Lu... Sou uma mera colaboradora. Também sou inimiga das letrinhas insuportáveis, mas não posso tirá-las.

Beijos e venham passear comigo em qualquer carro prata que por aí passar.

Leonel disse...

Milene, eu já fiz coisa parecida: abri e entrei num fusca que não era o meu, pensando que era!
Isto aconteceu quando eu morava no Recife, e as chaves de um fusca geralmente abriam outros carros do mesmo tipo, aleatoriamente!
Mas, esta sua, entrando no carro com gente dentro, foi inédita!
Ainda bem que não foi num lugar onde as pessoas tem trauma de assaltos!
Um mico-leão dourado!
Rsrsrsrsrs!
Beijos, querida!