No Balcão do Quiosque

terça-feira, 6 de novembro de 2012


PÉ NA BUNDA DÓI!



Ninguém está imune ao funcional, famoso e meio esquisito acordo, entre um casal no término de um relacionamento: “Eu entro com o pé e você entra com a bunda.” Pra quem entra com o traseiro não é muito bom... Dói! Dói no coração, sangra na alma, e dilacera os sonhos. E não adianta ser bonita, inteligente, interessante, divertida, bem humorada, elegante, descolada, etc, pois em algum momento da vida você vai levar um tremendo fora, vai ser dispensada numa boa e claro, como todas são filhas de Deus, em determinado relacionamento vai querer se ver livre de alguém também.

Tem quem aponte as vantagens do “pé na bunda”. Uma dessas vantagens é empurrar pra frente. O fim de um relacionamento traz reviravoltas, e isso significa transformar o amor pela pessoa em amor por ela mesma. Para isso é preciso aceitar o “the end”, e ter consciência que não depende de você querer, mas de precisar tocar pra frente, de continuar a viver, de não se entregar.

A verdade é que o “pé na bunda” dói no coração, na alma e no ego. É traumatizante ouvir “dar um tempo”, “repensar” ou “melhor um afastamento”... Isso dói! Não importa o grau do relacionamento, lidar com o fim ainda amando, apaixonada, gostando, acomodada na relação é algo que machuca, pois não é fácil deixar de ter a presença da pessoa, os cuidados, a rotina. Éh... perder e lidar com as perdas não é fácil.

Quando você sente o impulso dado no seu traseiro, você tem vontade de chorar, implorar, pedir pra não acabar. O ego fica frágil, você se descabela e pensa "onde que foi que eu errei?" Não, você não errou, isso faz parte da finitude das coisas, às vezes o querer é uma via de mão dupla. Simples assim, um vai e o outro fica, ou um segue um rumo e outro vai na contramão.

Que pena que a chama se apaga, que a luz foi fraca para iluminar os quereres do outro, que a vela queimou todo o pavio que era curto... É fundamental que se perceba o fim de um ciclo amoroso, para que outro possa ser começado (ou não). O importante é não guardar esperanças de retorno, “de talvez”, para que assim, esteja aberta para viver coisas novas. Agora, vai explicar isso ao coração! Eita orgãozinho turrão!

Recebeu um “pé na retaguarda” meio que de surpresa, daqueles grandes que te fez perder o rumo de casa? Chore, pode chorar, pois com certeza “há um rio de lágrimas sobre os seus olhos”. Mas, como diz minha amiga Rosie, “se chorar, chore por você mesma, pela sua dor e ao mesmo tempo agradeça por ter acalentado na alma tão nobre sentimento, enquanto a outra pessoa, possivelmente nem o experimentou na mesma essência...” E no ápice da dor de cotovelo, vale lançar mão de uma frase nada sentimentalmente correta, mas que dá um certo ar de que estou por cima: “A gente pede desculpas por ter amado mais para nós mesmas, porque porcos não diferem pérolas de milho.”[O cúmulo do despeito né? Mas, pra aliviar a dor vale tudo!]

Alma lavada, ego enganado, agora é hora de reagir e investir em si mesma, pois isso é o mais saudável. É hora de trabalhar o amor próprio e a lucidez. É obrigatório sabia? “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.” Entre mortos e feridos, você sobreviveu.

Então, se você acabou de levar o famoso "pé na bunda", o jeito é juntar os cacos e canalizar energia em tudo o que lhe possa fazer bem. E isso pode significar cuidar do corpo, e pra não pensar nele vale correr no parque, fazer bastante musculação, ou também, pode fazer brigadeiro de colher e comer sozinha, mandando tudo o mais às cucuias. Chocolate também é bom, tem serotonina, a substância do prazer... Ou faça o que você quiser, mas não corte a jugular! No máximo uma falange, só pra lembrar que está viva e tem “otras cositas que dolen , talves mucho mas que llevar con los pies en la cola.”

 Marly Bastos



4 comentários:

chica disse...

Muito bom e com ou sem pé na bunda, o melhor a fazer é nunca desistir das NOSSAS vidas. Ir em frente e seja o que Deus quiser...

Levar o pé e pegá-lo como impulso pra andar... Lindo teu texto,Marly! beijos,chica

Anônimo disse...

Pois é, a gente tem que aprender a usar a maré contrária para navegar por outros mares. E o impulso do chute para andar pra frente!
bjk

MARILENE disse...

Que coisa terrível! E sabemos que todos passam por isso, independente de qualidades inumeráveis. A dor vem com uma sensação de culpa e uma análise equivocada de todos os passos dados, para encontrar o erro. Mas quando vivenciamos situação inversa, aprendemos que o problema não era nosso, mas do sentimento (rss). Este, não obedece. Se chega ao fim, não adianta remendar. Bjs.

Anônimo disse...

Marly, leio essa postagem pela segunda vez. Já havia lido no outro blog. Na primeira leitura, lí com o coração e agora o fiz com a razão. Na primeira fiquei meio chateado e triste por você. Agora eu aprendi muito com a postagem. Quando a coisa começa a desabar ninguém segura. O importante é se proteger para não precisar entrar na lista de mortos e feridos.
Deus a abençoe muito, minha querida e doce amiga.
Doce beijo
Manoel