No Balcão do Quiosque

segunda-feira, 25 de maio de 2009

REFLEXOS



Quando acordamos pela manhã e vamos para o banheiro, a primeira sensação que temos ao olhar para o espelho
é um susto. O que vemos, com certeza não nos agrada. Não se engane. Olhe direito. Olhe novamente. Vai ver que o que digo é a pura verdade. Vemos um reflexo nada animador, principalmente se sua noite de sono não foi tão boa assim ou se suas contas estão todas atrasadas e você não tem como saldá-las. Percebe-se rugas de expressão, ou seriam rugas de
preocupação? Daí você torna a olhar e joga água como se quisesse limpar todas elas e ver escoar ralo abaixo. Encontra uma espinha, ou um cravo, tenta apertar, sente dor e desiste. Aposto como você se pergunta o que há do outro lado do espelho, não é? Já pensou nisso? Será que aquela imagem que te olha do outro lado é você mesmo? Há controvérsias!? Provavelmente ela será o que quisermos que seja. Há anos que você olha para este espelho, já percebeu como é que seu reflexo lhe envia mensagens? Então preste atenção. OLhe bem, pausadamente, veja as transformações escancaradas que surgem, no cabelo, na pele, no corpo...e isso ainda não é nada comparada às transformações internas, aquelas no self, no ego, no íntimo.
Já chorou em frente do espelho? Aposto que sim. Viu como as lágrimas rolam lentamente e pingam na roupa, no chão?
Assim é o tempo que passa, lento, como um conta gotas.
O que realmente vemos no espelho? Alucinações? O que há do outro lado?
Acho que outra dimensão. Uma dimensão refletida, onde não podemos entrar. Uma dimensão que guarda nossa imagem
anterior à que vemos hoje, e que nos torna impotentes diante do real.
O espelho é um grande "porta-treco" da ilusão. Lá guardamos o que fomos um dia, e que já não podemos apalpar ou sequer ver, porém, imaginar. Que bom que esse poder nos foi dado!
O espelho é uma espécie de vilão, é ele que mostra em cada trejeito , em cada ruga costurada no rosto, todo medo que temos de envelhecer e nos tornarmos um objeto esquecido, quer pela sociedade, quer pelos entes queridos. E aí vamos para a gaveta dos esquecidos e ficamos empoeirados e antigos. Nosso vocabulário há muito não é mais pronunciado, nossas idéias, todas ultrapassadas, nossa visão, agora, embaçada, precisando de lentes até para olhar no espelho. E tudo isso passa diante de você, rapidamente, todos os dias, impiedosamente.
Mas o que nos alivia é, que aprendemos e nos diplomamos, com louvor e louros, respondendo à todas as questões que a vida sabatinou. Aprendemos também que essa imagem um dia será finita, e a alma - IMORTAL!!!

Por Lu Cavichioli

Um comentário:

Ramosforest.Environment disse...

Mas sempre terá valido a pena viver.
Luiz Ramos