No Balcão do Quiosque

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Inocência

INOCÊNCIA

Imagem: Josephine Wall (direitos reservados)
Relembro hoje aquele dia ensolarado
Em que tu me ofereceste a rendição;
Quando em vez de te fisgar eu fui fisgado
No teu jogo tão sutil de sedução.

Derrotei  tuas negaças,  teus receios,
Desnudei teus pensamentos indiscretos,
Conquistei os altos cumes dos teus seios,
Visitei os teus lugares mais secretos.

As mãos minhas escalaram róseos montes
E meus dedos deslizaram por ravinas;
Os meus beijos encontraram tuas fontes,
Meu desejo cavalgou pelas campinas.

Minha alma se perdeu em teus cabelos,
Minha voz em teus gemidos se esvaiu;
Meu abraço calou todos teus apelos
E o meu ser em teu ser se consumiu.

Explorei teus sentimentos mais profundos;
Meus sentidos no teu corpo se afogaram.
Descobri os quatro cantos de teus mundos,
Minhas pernas com as tuas se trançaram.

Invadi então teu templo mais sagrado
E prostrei-me ante o altar de teu prazer;
Oferendas lá depus de apaixonado,
Em  penhor de todo este meu querer.

E assim me despedi da adolescência
E ingressei num novo mundo sedutor;
Com o sexo me roubaste a inocência
E depois ma devolveste com o amor.

Ó tu, que me conduziste às alturas!
Ó tu, que me levaste às profundezas!
Ó tu, que me  trouxeste tais loucuras!
Ó tu, que me exorcisaste as tristezas!

Bendita sê! Bendita a dita minha,
Pois que em meu coração inda és rainha!

Niterói, janeiro de 2011
Rodolfo Barcellos
Imagem: uso não comercial, conforme os termos do "site" da autora.  Ver: http://www.josephinewall.co.uk/licensing.html

8 comentários:

Leonel disse...

Caramba!
Essa foi de cair duro!
Estes versos parecem saídos de algum velho livro indiano!
A figura também!
Um show!
Parabéns, amigo!

JAIRCLOPES disse...

Barcellos,
Apesar do tempo que nos conhecemos e do quanto tenho lido coisas de tua lavra, ainda me surpreendo. Tua verve lírica é do mais alto coturno.
Vou acompanhar o "Quiosque" porque sei que aqui encontrarei cultura e lirismo. Quem necessita mais que isso?

Milene Lima disse...

Sem fôlego, Rodolfo Barcellos, sujeito surpreendente!

A cada porta que tu abres, dela não sai nada que não seja lindo, cheio de sentimento... Quase gritei um palavrão exclamativo aqui, mas me contive... Disse-o apenas em meu pensamento.

Beijos, bruxo-poeta!

Léo Santos disse...

Bah, e eu sei bem como é isso, bicho!

Depois que penetrei num templo sagrado pela primeira vez, xiiii... Ingressei de cabeça no novo mundo sedutor e até hoje vivo pelas profundezas. Sempre atrás das tais loucuras.

Um abraço!

Anônimo disse...

Que delícia, hein?! Muito bom.
Obs. "...até hj vivo pelas profundezas."
Por que o Léo Santos tem q ser tão engraçado, mesmo falando sério?! =]

Si Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Si Fernandes disse...

Cantares de Rodolfo.
Eu fiquei... fiquei... só sei que fiquei que demais...
Parnasiano amigo, ou seria ultraromantico?
Eu só sei que adorei demais!

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Olá!
Tenho te acompanhado em outros blogs amigos, e mais uma vez me deparei com uma obra sua magnífica!
Sua poesia é simplesmente fantástica!Parabéns!
Abraços
Mariangela