Hoje recebi um email de meu amigo de infância Renato. Ele lamentou a entrada de nosso bairro no mapa das tragédias mundiais. Foi lá que um "maluco sem causa" trucidou crianças inocentes a queima-roupa. Realengo.
De repente lá estava Fátima Bernardes, Ana Paula Padrão, Luiz Bacci...Toda mídia impressa , eletrônica, radiofônica...
Um dos bairros mais antigos da cidade (1814/1815), Realengo sempre existiu como uma espécie de zona invisível. Um bairro que não existe. Um limbo espacial onde o poder público, imprensa e as populações de outros bairros mais nobres faziam questão de imaginar sua inexistência. Conheço pessoas que omitem sua origem no bairro. São pessoas sem passado e de história incompleta.
Mas foi exatamente de lá, desse local muito real para nós, desse "borrão no mapa" para os outros, que uma tragédia de proporções mundiais arrebatou e ceifou a vida de crianças inocentes. E também foi a partir de lá que sua gente simples foi exposta ao mundo.
O lugar onde nasci e passei minha infância, jaz moribundo, ferido de morte. Surge para a vida aos olhos dos outros em seu momento mais trágico, em seu momento de dor e sofrimento.
Se a partir de agora as autoridades darão mais atenção àquela região eu não sei. Só sei que se o preço a ser pago por essa atenção é esse...por favor devolva-nos ao limbo. Devolva-nos nossas crianças.
De repente lá estava Fátima Bernardes, Ana Paula Padrão, Luiz Bacci...Toda mídia impressa , eletrônica, radiofônica...
Um dos bairros mais antigos da cidade (1814/1815), Realengo sempre existiu como uma espécie de zona invisível. Um bairro que não existe. Um limbo espacial onde o poder público, imprensa e as populações de outros bairros mais nobres faziam questão de imaginar sua inexistência. Conheço pessoas que omitem sua origem no bairro. São pessoas sem passado e de história incompleta.
Mas foi exatamente de lá, desse local muito real para nós, desse "borrão no mapa" para os outros, que uma tragédia de proporções mundiais arrebatou e ceifou a vida de crianças inocentes. E também foi a partir de lá que sua gente simples foi exposta ao mundo.
O lugar onde nasci e passei minha infância, jaz moribundo, ferido de morte. Surge para a vida aos olhos dos outros em seu momento mais trágico, em seu momento de dor e sofrimento.
Se a partir de agora as autoridades darão mais atenção àquela região eu não sei. Só sei que se o preço a ser pago por essa atenção é esse...por favor devolva-nos ao limbo. Devolva-nos nossas crianças.
Marcos Santos
Rio de JaneiroEm tempo: A frase "Alô Alô Realengo" da música "Aquele Abraço" de Gilberto Gil, não é uma saudação ao povo de Realengo. Na verdade é uma frase de provocação aos militares dos quartéis situados nos bairros próximos.
7 comentários:
- Nem Realengo nem Flamengo têm a ver com os bairros... Mas os modernos Chacrinhas continuam balançando a pança e voando em círculos, como urubus, em busca da carniça de notícias trágicas - seja em bairros nobres ou esquecidos. Um abraço.
Abração, Marcos. Solidário.
Graça Lacerda
Acredito que logo passe a repercussão do acontecimento, as autoridades, a mídia, e tudo mais, deixarão cair no esquecimento, até que novo fato aconteça. Autoridade não tem interesse algum em prevenir e proteger vidas, querem é cuidar de si sós..
aqui nesse chão, estamos muito mais, para "cada um par si..." e para si mesmo.
Seremos eternos vigilantes de nós mesmos...sem contar com proteção do Estado.
Uma lástima.
Uma boa noite, se é que dá para dormir, e um esperançoso amanhecer.
Infelizmente o Brasil é um país sem memórias!
abraços, meu amigo e o luto é nacional, pode acreditar.
Lu C.
Adoro o nome Realengo, aliás os bairros do Rio de Janeiro tem nomes muito charmosos...
Ficamos todos perplexos, incrédulos e com uma tristeza profunda diante de um ato tão horrendo. É claro que em nada se compara ao que estão sentindo as pessoas que viveram de perto todo esse horror.
Meu abraço solidário, Marcos.
Desde o início da República, quando se criou o mito "cidade maravilhosa" para o turismo, foi feita uma limpa, embelezamento e glamourização da zona sul, o cartão postal que se via ao chegar pelo mar, enquanto se desdenhava e abandonava os subúrbios em segundo plano.
Infelizmente, essa cultura de bairros e subúrbios existe até hoje!
Em Copacabana, internet sem fio gratuita! No subúrbio, a operadora de telefonia diz "não ser possível instalar banda larga no seu endereço", mesmo que o vizinho da frente a possua!
Será que isso um dia vai mudar?
Abraços, Marcos!
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