Na avenida que deixa o trânsito da cidade para trás e sobe a serra da Cantareira há de tudo um pouco, como acontece em quase toda parte de São Paulo. A Av. Nova Cantareira principia na região alta de Santana onde é o ápice de toda sua urbanidade e a partir daí é alimentada por várias artérias de asfalto. Por esses caminhos ou “provincias colganderas” (recantos de altos e baixos), assim como dizia meu avô espanhol, acostumado às terras planas da Catalunha, há muitas pessoas que se dirigem para a “cidade” (centro de SP) ou em sua direção oposta almejando a serra. Os que vão para a “cidade”, às vezes param na Av. Voluntários da Pátria, antigo centro de compras da zona norte antes do evento dos shoppings na região, e desistem de ir adiante. Pois naquele bairro movimentado ainda há uma porção de lojas para garimpar variedades, assim como artigos de confecção e alguns objetos de cozinha. No entanto, as boutiques próximas à igreja de Santan’na já não são mais as mesmas. As melhores camisas de seda vermelhas eram vendidas naquela parte. Agora, os camelôs tomam conta das calçadas, enquanto algumas lojas e pequenos shoppings, que mais se parecem a caixinhas abafadas, tentam vender suas roupas a preços populares. Todavia, ainda se acha muita coisa boa por lá, assim como o velho e pequeno shopping Santana e seu sobrevivente cinema do segundo piso, resgatando de alguma forma o charme dos cineminhas de bairro... Mas, eu falava da avenida atrevida, que ousa deixar a zona urbana e indicar o caminho da mata, que é o anel verde de São Paulo, e por isso, agora, deixo a “cidade” e sigo com a tal avenida para a serra.
Atravesso bairros atolados de carros até alcançar a Academia Militar do Barro Branco, em um dos pontos mais altos da avenida, antes de descambar para o vale do Tremembé e subir para a serra. A cena parece um filme de aventuras e agradeço ao destino quando paro no semáforo vermelho neste ponto e posso apreciar o imenso manto verde da serra me esperando, com os raios do crepúsculo cintilando em meus olhos todo aquele “verde cor de tarde” da mata, e o rubor da despedida do sol...
Mas, o que faço eu, indo à serra à noitinha? Não é perigoso, dizem muitos? E eu respondo: os gnomos e guardiões da mata me protegem, porque sabem que eu somente deixo os limites de minha cidade para sentir-lhes a presença. Tenho que diminuir a marcha ainda nas terras de São Paulo, pois quando o carro começa a subir a avenida que aos poucos ganha feições de estradinha estreita e perigosa, tudo muda e a cena urbana se esvai com o cheirinho de mato no ar. Lembro-me de que ali, no “pé da serra” vivia Airton Senna, o senhor das Ferraris vermelhas... Sua casa continua lá... O piloto, apesar de sua experiência ao volante, também sentiria os faróis dos carros lhe cegando na direção oposta e exigindo sua atenção. Se não fosse por isso, eu entraria em um transe hipnótico da natureza, que consegue ser multicolorida mesmo na escuridão, e não conseguiria descrever conscientemente esta cena de despedida urbana, onde a próxima parada é a serrana cidadezinha de Mairiporã e seus charmosos restaurantes encravados na montanha.
Madalena Barranco (Magalena, asim como é conhecida no mundo da fantasia)
http://flordemorango.blogspot.com
A Magalena agradece à querida amiga Lu Cavichioli pela oportunidade de postar neste lindo blog!
6 comentários:
Gostei de passear contigo desde o centro da cidade até saindo dela e chegando nessa cidadezinha, com verde e cheiro dele...Legal!beijos,tudo de bom,chica
ahhh, que pena, acabou!?
Querida Magalinda, que passeio gostoso esse? Não costumo andar muito pela zona norte, mas acho uma região privilegiada, justamente pelo clima. Adoro a Serra da Cantareira, sua neblina e mistérios florais.
Agora já sei para onde vais quando desaparece: vai visitar seus amigos mágicos.rsrsrs
Adorei sua particpação. Não demore muito pra voltar.
ultrabeijos
Li-a como Madalena e Magalena, também. O leitor adulto viajou pelo texto como tal e achou-o bem escrito e interessante. O texto da Madalena.
Mas o lado infantil do mesmo leitor privou com a Magalena dos Moranguinhos e todos os seres fantásticos da saída do ambiente urbano.
Pena agora eu ter de voltar a ser adulto, Magalena. Foi tão prazeroso...
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Ser
Seres
Maravilha
Um Mundo de Letras, Letras de Morango
da Madalena.
Luiz Ramos
Nossa!!! Eu gosto muito de ler a Madá! Adorei viajar junto!
Beijos
Olá queridos amigos,
Muito obrigada pelos sensíveis e mágicos comentários.
Beijos
Magalena
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