No Balcão do Quiosque

sexta-feira, 20 de julho de 2012

SOBRE O AMOR QUE NUNCA MORRE


ADORANDO ESSE PAPO DE PASTEL REQUENTADO (ENQUANTO SE PREPARA A MASSA PARA PASTEL NOVINHO)... COPIADO E COLADO LÁ NUMA INQUIETUDE PASSADA, SEM MAQUIAR VÍRGULA QUE SEJA. POR QUE HOJE, E TODOS OS AMANHÃS É DIA DE SE AMAR O AMIGO. AMÉM!


A amizade é o amor que nunca morre, quintaneou o Mário para absoluto deleite dos crédulos e sensíveis, pertinazes na arte de imergir nesse sentimento de intensidade ímpar.

Sou Amigos Esporte Clube, sim senhor! Amo as suas minúcias e no transcorrer do meu caminho desejo sorver, apenas pelo tempo de uma vida, os seus inúmeros sabores até a última gotícula. Desconheceria a mim mesma tentando usar outro tipo de máscara.

Mas esse amor que nunca morre apresenta variedade no seu estampado. É preciso estar preparado para a colisão de idéias, conceitos e humores. Assim como não se pode viver sozinho um amor, a amizade não existe unilateralmente. Há de haver dois para serem amigos. Há de se ter cumplicidade e reciprocidade, ainda que tal reciprocidade não implique em imposição, do tipo “eu te dei carinho e agora quero em igual profundidade”... Esses temperos fundamentais para a fórmula (im)perfeita na arte de ser amigo soam espontâneos feito os banhos de chuva da nossa infância. Quando não é natural, outro nome pode ter, amizade não o é.

Deixando vagar os meus pensamentos, compus o retrato escrito da minha amizade... E gostei do que vi. É forte, frágil, humana.  Me apaixona o seu riso solto, contido, alto... Seu sotaque misturado. A pele que se metamorfoseia, num instante me vem brancura, outro é pura morenice, em seguida negritude. Brasileiridade linda tem a minha amizade.
Filosofa comigo, verseja lindamente, liga só pra dizer “senti saudades” e gostamos de nos falar todos os dias, mas quando isso não é possível, a bem querência se acomoda guardadinha na saudade, esperando o exato instante do encontro. Adoro dizer amores, mas também sou muito boa em proferir poesias sob forma de xingamentos. Fingimos indiferença, sabemos ser mutuamente egoístas e chatos... Sabemos amar o imperfeito.

 Acho graça da sua TPM crônica, as crises existenciais constantes, a sisudez eventual... Me dói a sua ferida, lhe machuca sentir meu choro. Consola minha alma ouvir um “só podia ser você pra me fazer rir numa hora dessas”...

É bacana escutar a mesma música, numa descombinação surreal de gostos ou viajando no mesmo som... Bom mesmo é a companhia, o ombro cuja disponibilidade é imensurável, feito uma tatuagem escrito “quer deitar aqui agora?”.

Temos a idade dos sonhos. Somos maduros, jovens, adolescentes, infantis... Me chama de Mi, Memem, Miminha, Milinda, MilenA... Aos seus olhos e coração sou lagarta listrada, flor rosa e vermelha, doce e igualmente ácida... Sou ironia e sarcasmo, melindre e sentimentalidade.  Amo seu jeito brejeiro, descolado, palavreando sobre tudo, me pedindo respostas... Procuro seu colo sempre que preciso, ouço seu sussurro me pedindo presença.

Descobrimos juntos o valor de nos aceitarmos como somos, embora seja ainda mais importante recuar quando preciso e compreender que a razão é instável e pode estar tanto lá, quanto cá. A razão não gosta de morada fixa.

De perto do mar, de onde vem o frio, da roça cibernética, do canto mais longínquo, ou aqui do meu lado... Minha amizade vem ao meu encontro e nossos braços abertos se misturam... E isso parece mesmo ser o melhor amor que há.




Milene Lima


5 comentários:

MARILENE disse...

Resolvi dar uma passadinha pelo quiosque e tive que me acomodar um tempo maior (rss). O retrato que compôs é de grande beleza. Valoriza o dentro, sem excluir o exterior. O forte, frágil e humana fecham o círculo, com sabedoria. Bjs.

Unknown disse...

Como é bom nós entrarmos em uma página da internet e encontrar leituras boas e inteligentes. Isso chama-se prazer, pois entra pelos olhos e dissipa em nosso Alter ego fazendo uma mistura das mais satisfatórias.
Abraço

R. R. Barcellos disse...

Te dou meu amor amigo
Por tua amizade amorosa
Não desdirei o que digo
Quero o espinho e a rosa
Se me sorris muletante
Te sorrirei bem galante
E seremos verso e prosa!


Miminha, você é demais... beijão!

João Esteves disse...

Li esta sua publicação como o que você explicou logo de saída que é, um pastel requentado, e achei-lhe um gostinho de novo ao saborear cada pedacinho, mordida por mordida. Seu amigo plural ficou tão bem caracterizado como homem ou mulher, mais novo ou mais velho, perto ou longe, real ou virtual, tudo amigo, tudo do peito, mesmo. Ficou um sobregostinho, ainda. Muito bem.

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá amigo!
Os textos publicados no seu blog são lindos,isso faz alegrar mais meu dia.
Grande abraço
se cuida