No Balcão do Quiosque

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Da Série Pastel requentado - garimpando relíquias


 
CORDAS

A vida é muito generosa. Ela sempre nos dá muita corda. Podemos, com elas, construir pontes, amarrar os barcos ao cais, montar escadas que vão até o céu.



Cordas também podem ser desfiadas, e com elas, construímos belos cestos, e até mesmo redes para descansar. Já vi uma luminária feita de corda que era a coisa mais linda, lá em Natal. Pena que ficaria meio-sem jeito, trazê-la dentro do avião. Mas tenho um abajur em minha sala cuja cúpula é feita de corda trançada.



Tive belas sandálias com solas de corda, e uma vez, um chinelo, desses de andar dentro de casa, todo feito de corda.




Minha vizinha tem uma cadeira com assento de corda, bem rústica, que é uma belezura só.



Se alguém pode falar com propriedade sobre as cordas e os cipós, este alguém é o Tarzan. Ele os usa para locomover-se com rapidez dentro da floresta, evitando, assim, os percalços do solo. Paira sobre as árvores, em seu voo alucinante, acompanhado de seu tão famoso grito: "Ôôôôô..."



As cordas são uma invenção muito útil. Pena que, um dia, foram usadas para punir seres humanos. Mas aquelas eram outras cordas, de uma época selvagem.




Mas infelizmente, algumas pessoas recebem uma grande quantidade de corda da vida, que lhes é generosa. Mas o grande problema é que não sabem o que fazer com elas. Acabam enrolando-se completamente nas suas cordas, ao invés de criar alguma coisa útil com elas. Pior: alguns acabam enrolando-a em volta do próprio pescoço, e infelizmente... matam-se com as cordas da vida.



Isso sempre acontece quando alguém tenta 'enrolar' o outro. As atitudes ficam sempre muito óbvias. Acham-se grandes vencedores, pois pensam ter derrotado os seus inimigos, sem perceberem que seus maiores inimigos são eles próprios. Mas todo mundo vê. E de nada adianta alguém tentar avisá-lo.


Assim é bem melhor!

By Ana Bailune


sábado, 2 de novembro de 2013

Pastel Requentado ou...

... Repostagem, fica a gosto do freguês! Recontando Histórias do Quiosque... Só garimpando!


INOCÊNCIA

Imagem: Josephine Wall (direitos reservados)

Relembro hoje aquele dia ensolarado
Em que tu me ofereceste a rendição;
Quando em vez de te fisgar eu fui fisgado
No teu jogo tão sutil de sedução.

Derrotei tuas negaças, teus receios,
Desnudei teus pensamentos indiscretos,
Conquistei os altos cumes dos teus seios,
Visitei os teus lugares mais secretos.

As mãos minhas escalaram róseos montes
E meus dedos deslizaram por ravinas;
Os meus beijos encontraram tuas fontes,
Meu desejo cavalgou pelas campinas.

Minha alma se perdeu em teus cabelos,
Minha voz em teus gemidos se esvaiu;
Meu abraço calou todos teus apelos
E o meu ser em teu ser se consumiu.

Explorei teus sentimentos mais profundos;
Meus sentidos no teu corpo se afogaram.
Descobri os quatro cantos de teus mundos,
Minhas pernas com as tuas se trançaram.

Invadi então teu templo mais sagrado
E prostrei-me ante o altar de teu prazer;
Oferendas lá depus de apaixonado,
Em penhor de todo este meu querer.

E assim me despedi da adolescência
E ingressei num novo mundo sedutor;
Com o sexo me roubaste a inocência
E depois ma devolveste com o amor.

Ó tu, que me conduziste às alturas!
Ó tu, que me levaste às profundezas!
Ó tu, que me trouxeste tais loucuras!
Ó tu, que me exorcisaste as tristezas!

Bendita sê! Bendita a dita minha,
Pois que em meu coração inda és rainha!

Niterói, janeiro de 2011
Rodolfo Barcellos
Imagem: uso não comercial, conforme os termos do "site" da autora. Ver: http://www.josephinewall.co.uk/licensing.html