No Balcão do Quiosque

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O Espelho das Coisas








Estive pensando (e quando isso acontece, questionamentos estranhos podem surgir): Qual é a maneira mais confiável de nos vermos refletidos? Imediatamente, você pensou: "Em um espelho!" Mas... será mesmo?

Quando eu me olho no espelho, vejo o meu lado de fora. Talvez, se eu insistir um pouco, possa enxergar uma outra pessoa que me olha, lá de dentro das minhas próprias retinas. Ela tenta ser ouvida, ela quer existir e ser real, mas nem sempre, quem se olha no espelho quer ver a pessoa que está do lado de dentro, e sim, a casca que a encobre.

A melhor maneira de enxergar a si mesmo, é fechando os olhos e os ouvidos. Por que? Quando abrimos os olhos e os ouvidos, enxergamos as aparências, as ilusões e os rótulos que a sociedade e até nós mesmos criamos sobre nós. Podemos passar horas preocupados com a impressão que causamos nos outros, e dependemos do aplauso alheio para que nos sintamos alguém... e isto é desastroso! Quem se espelha nos olhos alheios escraviza a si mesmo. 

Certa vez eu li em uma postagem no Facebook algo mais ou menos assim: "As mesmas mãos que o aplaudem podem, um dia, atirar-lhe pedras." É a mais pura verdade. O aplauso alheio pode massagear momentaneamente o ego de quem o recebe, mas depender dele para autodefinir-se é a pior forma de escravidão e ilusão.

Todos sabem os motivos reais que servem como base às próprias atitudes. Muita gente faz coisas tentando parecerem ser isto ou aquilo, mas na verdade, fazem por puro medo de não aparecerem, pois acham que se não se sentirem refletidos no espelho que é o outro, não são ninguém. Os aplausos que recebem ecoam por mais tempo em seus ouvidos porque não existe muita coisa entre eles. Há um enorme espaço vazio, uma falta de si mesmo, que necessita ser preenchida pelas ilusões de sucesso, fama e reconhecimento.

É terrível ter que precisar que outras pessoas nos digam quem somos.