Meu voto vai para cada um de vocês. A maioria não conheço fisicamente mas pelas palavras fluem os fluídos da alma. Já dá para "impressionar" a minha percepção dos anseios internos que transcorre pela visão individual; pelo menos a ponta do iceberg, né? Meu voto é pela certeza que existe na busca por valores elevados; entendimento puro, sustentável, mais do que ecologicamente correto, e sim pela leveza do ser; vamos ser crianças quando crescermos e entendermos que viver é a arte de se despedir da infância.
Sintam-se fortemente abraçados; quase "quebrando" as costelas.
Do amigo virtual mas tão real quanto as palavras de afeto que aqui deixo.
Hasta la vista
Leandro Soriano
Se você gosta de bom humor inteligente, nossa equipe de cronistas oferece diferentes abordagens sobre qualquer tema. Nosso objetivo é a interação. BOA LEITURA!
No Balcão do Quiosque
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
32 de novembro, dia dos mortos.
Chovia torrencialmente no sertão do nordeste. Desacostumados com essa intempérie de sopetão, crianças corriam, adultos viravam crianças e velhos lentamente se deixavam encharcar pela alegria molhada que caiu do céu como uma luva pros 4 reinos da natureza.
Foi assim durante mais de um mês; chuva constante com ligeiras estiagens. Todas as almas sentiram-se lavadas e o peso da sofreguidão ficou menor. Uma esperança nunca antes sentida, agigantou-se como um “terra à vista”. A cor verde, símbolo desse esperançar, timidamente se achegava no rastejo do ex-oceano seco. Tudo que foi, faz parte do passado. Agora só existe futuro de verdade; o hoje flutua como barquinho de papel.
Varanda fresca, silhuetas vivas, acordadas para não perder nenhum momento de raro arrepio.
As estrelas movem-se com elegância como a desfilar em negra passarela; tudo acalanta o gostoso brilho nos olhos de quem sabe que vai amanhecer.
E amanhece. Cheiro de verde no ar palpita o dia. Pássaros grasnam em bandos revoados; uma orquestra de sons invade a cena fértil.
Dia que passa colorido, sem queixumes, só avidez em sorver a bonança generosa.
A noite, no barracão do Jacaré, aprumados na reunião de comunidade, Leôncio apeou na voz de profeta e garganteando falou: “ a gente vamus ter de hora pra frente, uma vida digna de gente abençoada pelo Pai Deus Todo Poderoso; a gente vamu faze pra todos nóis e prus fios de nossos fios, toda coisa boa que nóis vai prantá nessa terra de Deus; chega di dô e dias difírceis; agora a gente vai sê só feliz” .
Uma explosão de palmas eclodiu além do barracão. A criançada misturava com os latidos dos cachorros a balbúrdia consentida.
_Agora nóis vai fazê uma oração pra agradecê toda essa benção.
Silêncio e constrição domina totalmente o ambiente.
“Senhô, a genti agradecemu essa benção molhada de vida
pra nóis prantá nossa felicidade juntu com muié e fios;
toda coisa boa que vem de tu a genti agradece
e as má a genti sabe que é pra nóis aprende a lição que tu
passo pra nóis”
améin meu sinhô
Em meio ao negrume estrelado, saem em respeitoso silêncio a caminho de suas casas cruas.
Na paz do sono cansado, cachorros latem, cabras balem, homens tonteiam; som pesado se aproxima; luzes que não são de estrelas se intensificam.
Som de motores potentes ligados ligam ao um turvo mundo; o medo torna-se atmosférico.
Os homens caminham para fora dos amadeirados em linha aberta a fim de definir o contorno do confuso.
E do difuso surge como apocalipse em forma de chispas atômicas, projéteis traçando o ar cálido
a procura de cumprir a promessa de alvos fáceis. Tão fácil foi que em menos de 15 minutos apenas poucos fracos esganiços de cães diminuíam lentamente.
Uma mensagem via satélite é enviada:
_A gênese metereológica é um sucesso. Já está sendo divulgado o “efeito de epidemia controlada” pela mídia. A incidência pluviométrica aumenta na proporção esperada. Em breve o quadrante 22 estará pronto para ser entregue ao mercado internacional.
São 23h40. O comandante recolhe-se ao container dos oficiais. Banha-se. Antes de deitar lê o salmo 90 e mergulha no sono. Amanhã muito trabalho de desorientação pública deve continuar.
Foi assim durante mais de um mês; chuva constante com ligeiras estiagens. Todas as almas sentiram-se lavadas e o peso da sofreguidão ficou menor. Uma esperança nunca antes sentida, agigantou-se como um “terra à vista”. A cor verde, símbolo desse esperançar, timidamente se achegava no rastejo do ex-oceano seco. Tudo que foi, faz parte do passado. Agora só existe futuro de verdade; o hoje flutua como barquinho de papel.
Varanda fresca, silhuetas vivas, acordadas para não perder nenhum momento de raro arrepio.
As estrelas movem-se com elegância como a desfilar em negra passarela; tudo acalanta o gostoso brilho nos olhos de quem sabe que vai amanhecer.
E amanhece. Cheiro de verde no ar palpita o dia. Pássaros grasnam em bandos revoados; uma orquestra de sons invade a cena fértil.
Dia que passa colorido, sem queixumes, só avidez em sorver a bonança generosa.
A noite, no barracão do Jacaré, aprumados na reunião de comunidade, Leôncio apeou na voz de profeta e garganteando falou: “ a gente vamus ter de hora pra frente, uma vida digna de gente abençoada pelo Pai Deus Todo Poderoso; a gente vamu faze pra todos nóis e prus fios de nossos fios, toda coisa boa que nóis vai prantá nessa terra de Deus; chega di dô e dias difírceis; agora a gente vai sê só feliz” .
Uma explosão de palmas eclodiu além do barracão. A criançada misturava com os latidos dos cachorros a balbúrdia consentida.
_Agora nóis vai fazê uma oração pra agradecê toda essa benção.
Silêncio e constrição domina totalmente o ambiente.
“Senhô, a genti agradecemu essa benção molhada de vida
pra nóis prantá nossa felicidade juntu com muié e fios;
toda coisa boa que vem de tu a genti agradece
e as má a genti sabe que é pra nóis aprende a lição que tu
passo pra nóis”
améin meu sinhô
Em meio ao negrume estrelado, saem em respeitoso silêncio a caminho de suas casas cruas.
Na paz do sono cansado, cachorros latem, cabras balem, homens tonteiam; som pesado se aproxima; luzes que não são de estrelas se intensificam.
Som de motores potentes ligados ligam ao um turvo mundo; o medo torna-se atmosférico.
Os homens caminham para fora dos amadeirados em linha aberta a fim de definir o contorno do confuso.
E do difuso surge como apocalipse em forma de chispas atômicas, projéteis traçando o ar cálido
a procura de cumprir a promessa de alvos fáceis. Tão fácil foi que em menos de 15 minutos apenas poucos fracos esganiços de cães diminuíam lentamente.
Uma mensagem via satélite é enviada:
_A gênese metereológica é um sucesso. Já está sendo divulgado o “efeito de epidemia controlada” pela mídia. A incidência pluviométrica aumenta na proporção esperada. Em breve o quadrante 22 estará pronto para ser entregue ao mercado internacional.
São 23h40. O comandante recolhe-se ao container dos oficiais. Banha-se. Antes de deitar lê o salmo 90 e mergulha no sono. Amanhã muito trabalho de desorientação pública deve continuar.
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