No Balcão do Quiosque

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fim de ano de novo.

É... o Natal tái... e eu nem aí. É um evento que merece uma substanciosa reflexão. Eu gosto... sabe do que eu gosto mesmo nessa época natalina? É curtir as decorações. Principalmente as luzes; muitas luzes acendem lá pra baixo dos porões dos arquétipos do inconsciente, a atração pela luz. Isso me fascina. Sou capaz de andar horas pelas ruas bem decoradas e iluminadas. Mas, como citei no início, tenho minha percepção desse calendário, de uma forma que talvez não agrade a alguns ou muitos dada a sua artificialidade constituida. Fiz até há algum tempo atrás, essa singela poesia onde expiro minhas circunspecções a respeito.
Enjoy and that all folks!


INATO NATAL

O mundo é um Natal que não deu certo
Por isso enfeita-se a realidade
Maquia-se a caridade
Faz-se noite feliz

Árvores secas de vida
Abrigam presentes
Que não são sementes
Apenas piscam...piscam...

E a noite vai passar
Como todas as coisas passam
E voltam os sonhos em trenó
Através dos olhos de uma criança
Que só tem na lembrança
Reminiscência de um mundo melhor

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Deus resiste?

Não. Deus não resiste. Após eônicas pesquisas, reflexões monásticas, posturas yogues, elocubrações xamânicas,debates sócio/político/filosóficos e escaneamentos científicos, chegou-se a retumbante descoberta da não resistência de Deus. Na verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade, quem resiste é o homem. Esse sim é o verdadeiro e único resistente no indecifrável infinito universo. Ele fez-se a si mesmo semelhante a si próprio.

Diante de tanto sofrimento e corrupção um Deus resiste?
O homem, por sua resistência, que são seus atos e tudo que ele cria a sua volta, determina a prova inconteste do resistir — "penso, logo resisto".

Mas os séculos passarão e eu, um passarinho na mão mais do que dois voando, me valerei de máximas e mínimas tais quais “a soma de que tudo sei é que nada sei”.

Não sei quanto tempo resistirei mas uma coisa é certa: assim que eu deixar de resistir será como se Deus nunca resistisse.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pesos e medidas

O que pesa mais?
1 quilo de felicidade ou 1 quilo de tristeza?
1 quilo de falsidade ou 1 quilo de autenticidade?
1 quilo de amor ou 1 quilo de ódio?
1 quilo de honestidade ou 1 quilo de corrupção?
1 quilo de consciência ou 1 quilo de alienação?
1 quilo...1 quilo...1 quilo...
É só 1 quilo...
E a balança é uma balança porque possui 2 pratos vazios
E duas medidas são sem medidas diante do peso da interpretação
Malhas e cercas de burocracias farpadas afastam e enfastiam
O solar idealizador das quimeras temporais

Sou apenas vestígios de uma sombra que pensa pensar com clareza
É melhor não entender pelo tanto que o entender limita
É melhor saber pelo vasto que o saber liberta

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

São tantas emoções, mais um dia na casa do Quiosque



Boa tarde meu Quiosque, você anda tão esquecidinho, meio abandonado. Tudo por conta das correrias da vida. Mas sabe, estive pensando na correria e me perguntando se vale a pena correr tanto de um lado, de outro, pra cima e pra baixo. Tem horas que vejo tudo passar tão rápido na minha frente que dá até medo. Um medo nem sei de quê, mas que ele mostra sua carranca lá mostra.

A tarde está quente e o sol abraça a Terra cada vez mais forte, sufocando suas entranhas tornando tudo lento, cansativo e nessa morosidade vamos indo e vindo. Hoje eu não parei na contra mão. Estacionei em frente ao jardim do Quiosque e vi as flores acompanhadas de um pássaro e outro. Olhei pras janelas umas fechadas, outras entreabertas. . Ainda bem que a porta da frente estava encostada. Empurrei e vi a nossa Chica contando a história da areia movediça e o melhor, ela estava saboreando um pedaço do meu bolo de aniversário que deixei no Retratos.

Ia cantarolando enquanto dava uma geral em sua sala onde as sementinhas pululam nas cores da vida.
Passei por ela, lhe dei um beijo e subi a escada caracol um tanto cabisbaixa. Parei lá no alto, olhei as salas, todas vazias, algumas escuras e tristes.

A sala Madrepérola ostentava sua porta nacarada . Toquei na maçaneta de pérola e vi que estava trancada. Em seguida algo me chamou a atenção: havia um bilhete avisando que ela estaria aqui à noite. Que bom, assim ela me ajudaria com o tal de Indriso, nosso neo amigo poético. Nesse m omento toca meu celular, era ela: Dona Graça Lacerda. Mas que coincidência?!

Depois de um papinho breve continuo minha ronda e entro na sala enigmática .Sua escrivaninha está cheia de papéis empilhados sobre uma pasta alaranjada. Ao lado vemos uma luminária em forma de sol. Na cadeira uma jaqueta, esquecida e adormecida, um óculos escuro na mesa de canto faz companhia ao abajur. Será que o Leandro passou aqui hoje?

Na próxima saleta acendo a luz e me deparo com duas poltronas forradas de cetim floral e uma estante em patena acastanhada que abriga de Foucalt até Clarice Lispector. O vaso de flores ainda exibe a beleza incomparável das rosas vermelhas que gritam por um pouco de luz. Então abro a persiana, olho na parede e vejo o sorriso iluminado da Rose no painel que a Graça fez para o blog Rosa. Passo a mão pelas rosas, esboço um sorriso no canto da boca e saio tranqüila.

Agora eu caminho até o final do corredor, onde temos ainda 3 salas. Vou aproximando-me da porta camarão com vidro fosco entremeada por uma pintura lilás na madeira brilhante. Abro e me deparo com um tapete entre o céu e o mar no azul de suas nuances. O aroma do incenso ainda perdura e, neste momento, parece que ouço flautas ou pífaros em cada canto da sala.
É uma sala feminina, feita de laços e rendas. Na mesa, um livro escrito pela dona Fantasia e sua discípula: Madalena Barranco.

Mais na frente restam duas portas que estão abertas e nelas vejo luz. Será que tem alguém trabalhando? Apresso o passo e encontro O João que deu aquela passadinha básica deixando no ar seu toque de mestre na linguagem de todos nós. Passo por ele aceno com e ele sempre gentil, responde continuando seu trabalho. Deveria estar preparando sua aula.

Vou então em direção à outra sala neste final de corredor.
No carpete a luz permanece na amplitude do verão que se aproxima na réstia de sol que escorre pelo vitral que emoldura o corredor. Já avisto o sofá amarelo, os quadros de Picasso na parede, as fotos dela e do marido. Entro na sala e contemplo o arquivo dos sonhos e dos pequenos milagres que todos os dias ela pratica em sua profissão, além da escrita que também cultiva nas horas vagas.

A sala tem o cheiro do Brasil com as paredes em azul texturizado , e o teto rebaixado em gesso sorria com focos de luz anil. Na parede central um berimbau fez-me sentir em férias com um côco gelado à minha frente. Na estante, livros e cadernos enfileirados. Na mesa de canto, um porta- retrato com a foto das filhas.
Um jarro de flores no canto esquerdo que abraça junto à parede um pôster de Barcelona. Sinto saudade. Que pena, a Joice não está.

Saio e vou em direção a uma pequena escada metalizada de um fosco esverdeado que dá acesso ao segundo andar. A sala Degradê está aberta e já ouço o canto da minha calopsita.

Antes de entrar, em frente à minha sala há duas portas, trancadas. Uma é pintada de um verde fosco com maçaneta na cor champanhe e na entrada um tapete bege com motivos da natureza. Na porta há uma tabuleta em madeira trabalhada a mão com um emblema do Cristo Redentor e logo abaixo a inscrição: RAMOSFOREST. Luiz Ramos também não está.

E ao lado vejo uma obra de arte. Porta e parede formam um painel de fotos , algumas estampadas na própria pintura e outras pregadas no mural de cortiça. Coisas de Marcos Santos.
No batente superior uma inscrição : FOTO & GRAFIA





Dou meia volta, entro na sala Degradê, fecho a porta apostando mais um dia na amizade , esse sentimento que une as pessoas.
By Lu C.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Crime contra o meio ambiente! S.O.S à Sociedade Protetora de Animais




Quiosque cheio, fim de tarde, quase verão e coisas anormais acontecendo nesse país.
Me poupe!

Gente, estou perplexa!
Acabei de ver uma notícia pra lá de absurda. Embusteiros, sem vergonhas, canalhas, e(é melhor eu parar por aqui)... Imaginem que no centro de S. Paulo, há mais ou menos 3 anos, um casal de safados, matava cachorros e vendia a carne para restaurantes da região. Dizia a notícia que os fregueses mais constantes eram os coreanos. Que compravam a carne e servia como se nada fosse. MEUS SAIS!!!!! Onde estamos?

Sorte a nossa que policiais acharam o abatedouro dos pobres cachorros (que monstruosidade), e prenderam os desgraçados que faziam isso. Conseguiram salvar um rotwailer que estava acorrentado e um olhar mais triste que já vi.

Agora, informaram que irão confrontar os fornecedores e os usuários. E, OXALÁ, todos esses vagabundos apodreçam no xadrez. Pena que nesse país o crime compensa.

Estou muito revoltada com essa notícia. Dá vontade de cortar as mãos desses assassinos. E esses coreanos que vão pro raio que lhos parta.

Desculpem o desabafo.

Lu Cavichioli

Vernissage

Estava ali sentindo-me quase sufocado. Meu olhar borrado envidraçado não conhecia fixação de foco. Valia-me do surreal para conectar-me à realidade permeável pelo improvável. O que mais me atormentava eram as ondas de consciência de boa resolução, que como maré, escamoteavam no seu vai e vem as claras respostas para tudo em meio ao lixo despejado pelo turismo mental. “Como pude chegar a esse ponto?” — repensava continuamente... na mente contínua... e continua contínua mente... Meu equilíbrio advinha sabe de onde? De bocejos que estremeciam minhas estranhas entranhas devolvendo-me re-articulação perceptiva. Uma dádiva, poderiam dizer alguns introspectivos ignorantes com suas análises de fôlego curto. Que sabem eles da luminosidade turva? Da conservante oleosidade sutil? Pra lá de enfadada estava minha aquosa inteligência, tão plena, tão segura de traçar linhas tão eqüidistantes sem sair do lugar... lugar comum... comum... comunguei... excomunguei... Mais um bocejo e arremesso-me do desespero ao re-equilíbrio. Mais uma vez. Quanto tempo irei suportar esse tampão existencial? Que absurdo! ... não há voz interna! Quando isso observo torno-me servo... do quê? Pra quê? Não... outro bocejo não!

Quero dormir. Ordeno-me: Durma! Meus olhos não se fecham. Olha só... não tenho olhos! Só agora pude ver isso de tão perto que estou de algum desfecho. Fecho as mãos e liquidificam-se. Mexo-me e borbulho-me. Não há solução. Já sou solução. Uma combinação de elementos mentais que somente tornar-se-ão “coisas”, figuras, objetos, paisagens, oceanos, montanhas, céus, homens, crianças, lagartixas... lagartixas... bocejos... ensejos... que seja.

Espere... espere... algo retira-me. Gira-me... girou-me! Destampei-me! Respinguei-me de alegria! Afinal, a vida trouxe à existência o papel como suporte para minha manifestação. É festa! Vim ao mundo! Fiz-me luz e sombras, proporção e perspectiva.
Meu sangue nankin agora toma corpo à vontade sob a pena de Marta, umedecida.
Minha fome procura um ponto de fuga. Encontrei-me no início de um esboço de alguma obra! Minha existência não é vã. Meu traçado aponta infinitos inflamados pelo furor do escape ao limite imposto pela moldura tão bela quanto inocente. Fazem me crer que sou apenas um quadro na sala. Nada mais do que isso.

Alguém gosta?

Alguém gosta de poesia? Eu gosto. E tento fazer algumas. Talvez o que escrevo possa passar perto do que se poderia chamar de poético. Mas, me faz bem quando escrevo. Pelo menos isso... rs



Como um remo que parte

Como um remo que parte
E deixa o barco à deriva
Assim foi tua partida

Nem mesmo era crepúsculo
Nem mesmo era esperança
Desde cedo já tardia

Uma dor quase sentida
Me fez esquecer das alegrias
Me fez lembrar de um só dia

Amanhã eu já estarei Rei
Ordenarei aos meus súditos sentimentos
Limpa o salão do coração
Prepara-o para um novo evento

Não há de ser tudo
Nesta vida água corrente
Deixo-me esbarrar na liberdade
Sou toco de enchente

Agora que estou só
Só morrerei para os olhos que não me vêem
Nem a tristeza com toda sua elegância
Fará sombra sob o sol de minha derradeira paisagem



Leandro Soriano

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aventuras do Quiosque (by Lu C.)



Eu costumo escrever e brincar com meus colaboradores e amigos aqui no Quiosque. E de vez em quando escrevo algumas aventuras que "vivemos" dentro da maravilhosa máquina de sonhar: NOSSO PENSAMENTO.

Eis mais uma histórinha divertida do dia a dia no Quiosque do Pastel.


Ontem passei rapidamente pelo Quiosque a pedido da Chica e da Graça , pois elas tiveram a idéia de aumentar o jardim e trouxeram mudas de todo tipo para florir nossa casa. Como estava com pressa nem tive tempo de ir à sala dos dicionários dar um abraço no João.

Enquanto o Empório do Café fervilhava de hai-kais , somados aos disse daqui/ disse dali, a Rose dividia-se entre a saleta rosa e seu consultório.
Madalena, tentava agrupar seus duendes que sem controle, corriam ao redor da Bruxauva que andava às voltas com seu novo feitiço.

Leandro Soriano, no balcão, tentava localizar o Marcos e o Luiz, que estavam no Recreio dos Bandeirantes em uma palestra sobre meio ambiente.
De repente toca meu celular, era a Joice avisando que a remessa de livros para os cursos em espanhol deveriam chegar na semana que vem. Ufa, que alívio.

Depois dessa parafernália toda, subi correndo a escada em caracol que termina na sala Degradê, pois precisava preparar a postagem sobre o Mural do Escritor. Mas para minha surpresa e terror, olho pela janela e vejo um burburinho em frente ao Quiosque.

MEUS SAIS!!!! Um carro da CET –
Multa?!
Ahhhh , parei na contra mão.

SOCORRO, CADÊ TODO MUNDO?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Trecho Primeiro da breve história de vida de G. Apolinário





La Femme Blue – A Definição (releitura da Obra de Roberto Drummond: A Morte de D.J. em Paris)
A mulher que usava sapatos musicais e era azul

(Trecho de um diário alucinante escrito supostamente em Paris)

Quando ele me ligou de madrugada eu ainda fumava a última “bituca” que tinha achado no cinzeiro naquele dia fatídico.

O luminoso alaranjado atormentava a penumbra sonolenta daquele quarto pegajoso na periferia de Paris.

A voz dele tremia de tal forma, que fazia vibrar a calada de uma noite sem fim. Procurando meu chinelo, decidi ir até o banheiro e dizer olá para minhas olheiras e responder a ele que não acreditava naquela conversa absurda, e perguntando a meus neurônios o que estava fazendo em Paris, atrás de um amigo maluco que jurava amar uma mulher azul (...)

A definição pode parecer incrivelmente ilógica, mas no decorrer das páginas deste diário ( que tive a ousadia de roubar), as situações e "loucuras" poderão até ser explicadas.

(By Lu Cavichioli)