No Balcão do Quiosque

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Contando um "causo"

DONA MOCINHA

Dona Mocinha vivia lá pros cafundós onde Judas já tinha perdido tudo e só faltava o bigode... (mas ele tinha bigode?)

A talzinha era uma figura daquelas, bem folclóricas. Dessas saídas de um almanaque distribuído gratuitamente pela farmácia local no largo da matriz.
Seu maior atributo era a maquiagem que comprava na feirinha da beira de estrada  dias de fim de semana. Coisa pouca: batom, rouge, lápis preto e rímel daqueles bem fubangos , ah e  comprava também os compactos de sombra coloridas  e o pó de arroz pra mor de ficar mais bela do que já era.
Os vestidinhos de chita eram sempre muito floridos, mas pareciam mesmo toalhas de mesa . Fazer o que né... Ela gostava!
Toda tarde ficava horas na vitrine do peitoril de sua janela olhando os moçoilos que saíam das fábricas e lhes sorriam gentilmente apertando o passo quando passavam por ela. Mesmo porque, ela se debruçava, empunhando os peitos como pedúnculos em flor. Era nojento de ver.
Os cabra safados (os mais velhos),  os lobi(somens), a comiam com os olhos. Mas ela gostava mesmo era dos jovens e de alguns estrangeiros que às vezes por lá passavam em viagem.
Ela trabalhava na tecelagem da cidade e nas horas vagas se reunia com os poetas do cordel pra rabiscar e rebuscar palavreados.
Mas ela gostava mesmo era de galopar e seu cavalo (tão participativo ele), que  fazia versos com ela.
Um belo dia ela ganhou um espelho e foi aí então que tudo mudou em sua vida porque ela nunca tinha visto aquele treco “praquelas”bandas.  Ela costumava refletir mesmo sua imagem nas panelas que Anastácia areava com sabão de babaçu.
Desde aquele dia, Dona Mocinha ficou mais vaidosa e sabem que ela se deu bem?
A cidade elegia nesse momento o novo prefeito da cidade. Solteirão, montado na grana (do povo, claro) carrão último tipo...
Era metido demais o sujeito,porém sua figura era folclórica. Vestia-se sempre como um arco-íris, quando a calça era amarela o paletó era roxo, a camisa lilás e a gravata alaranjada. Usava sempre um chapéu , que dizia ele era um panamá... AH, TÁ!
OS SAPATOS ERAM SEMPRE   DE VERNIZ COLORIDOS OU NÃO DEPENDIAM DE COMO ESTAVA A CACHOLA DELE NAQUELE DIA.
CERTA NOITE RESOLVEU PASSEAR NA PRAÇA E LÁ ESTAVA DONA MOCINHA NA JANELA DISTRIBUINDO SORRISOS E UMA MÁSCARA DE MAQUIAGEM QUE MAIS PARECIA UM BONECO DE VENTRÍLOCO. E NUM É QUE O PREFEITO AO VÊ-LA CAIU DE AMORES?
E ASSIM DONA MOCINHA , QUE ERA UM DOCE JÁ MEIO PASSADO NA VITRINE, VIROU SOBREMESA REQUINTADA NA MESA DO POLÍTICO.
... COISAS DA VIDA!

By Lu Cavichioli

2 comentários:

chica disse...

rsssssssssssssss...Adorei ,Lu! Belo e inspirado causo... Lindo dia! bjs, chica

Ana Bailune disse...

Ah, conheço este conto, e adorei relê-lo!