No Balcão do Quiosque

domingo, 10 de janeiro de 2010

Esquecimento global

Em um período onde se fala muito nas condições climáticas que apresentam manifestações consideradas “fora do padrão” que afetam todo o meio ambiente e também o ambiente por inteiro, algo passa despercebido aos mutuários da consciência lúcida. O noticiário diário vende notícias, não informação. E quando “informa” na realidade assegura que a “seiva” da desorientação, mantenha o fluxo do coma perceptivo e não da consciência “desperta”. Somos instados a esquecer e não a perceber. Onde se pode encontrar a verdade? Certamente não é em meio à mídia mas diante dela. E o que está diante? Nós. E todos nós precisamos desatá-los.

A temperatura da desinformação aumenta a cada dia que vai passar. E cada dia que passou é um dia a menos e não “mais um dia na vida”. A menos, que você passe a perceber o que vai por dentro do que está diante da mídia. Eu sei, não é fácil. Mas também não é difícil. Isso porque o simples não tem o “glamour” da sofisticação intelectulóide. Gostamos de intelectualizar, sentimos prazer nisso. Faz-nos “esquecer” de nossa base animal. Não percebemos o aspecto mais cruel e contundente de uma revelação maior do que o “terceiro segredo de Fátima”; maior do que as descobertas de Nag Hammadi; maior do que um contato imediato do terceiro grau; maior do que saber de onde viemos, o que somos e para onde iremos... Essa revelação — que na verdade o vocábulo adequado seria desvelação — mostraria a verdade insuspeita há eões de tempo: somos seres que sofremos a pior doença que uma alma pode ter: ESQUECIMENTO.

Esquecemos quem somos. Por isso não sabemos de onde viemos e muito menos para onde iremos. Somos como náufragos que ao chegar à ilha salvadora, imediatamente lutamos por nossa sobrevivência em uma natureza que se apresenta inóspita. Lutamos por comida; depois vamos atrás de um abrigo, novas vestimentas e ansiosamente fazemos sinalizações diárias para que o nosso S.O.S. salve nossas almas carentes e sem rumo, seja captado pela nau da providência. E o tempo vai passando ( o tempo não tem outra coisa a fazer do que passar) e enquanto a salvação não chega, de náufragos passamos a exploradores da ilha; de exploradores a “proprietários”. Por nos sentirmos esquecidos, novas gerações aumentam a habitação do espaço dominado. Surge a cultura da sobrevivência; surgem civilizações... Esquecemos que somos náufragos que perderam o rumo de casa. Acasalamos e criamos nossos filhos que acasalam e criam seus filhos que acasalam e criam seus filhos que...

E o tempo passa. Viu como passou? E continua. Até quando? Até quando nossa amnésia perdurará?

5 comentários:

Hod disse...

E o novo só é novo por algum tempo!!

Feliz aventura aos plenos pois já estão sentindo o odor da maturidade.!!

Forte Abraço,

Hod.

Graça Lacerda disse...

Esquecimento global, eis aí a doença do século!
Ótimo texto, Leandro.

Também não sei te responder... só sei que é triste essa realidade, mas concordo totalmente com a visão do Hod, 'os plenos estão sentindo o odor da maturidade'...

chica disse...

BRILHANTE,Leandro! Parabéns pelo texto lindo, atual e importante!abração,linda semana,chica

João Esteves disse...

Leandro, a denúncia é grave e da maior seriedade.
Há que se criar uma consciência, sim.
Interessantemente, você levanta a questão sem abrir mão de seu inconfundível traço lúdico, desde o título.
Muito bom.
Abraço.

Tere Tavares disse...

Como nos livrarmos dos especialistas e agradar a imaginação é uma receita ainda não conclusa; como tudo, aliás.
Você captou, caro Leandro, um dos desejo do cientista Dawkins de "O gene egoísta" . A quem lê resta a mesma tarefa, ainda mais se for um outro escritor. Parabéns pela eloquência amigo. Beijos