Nem mesmo a sujeira de sua indumentária permanecia solidária, visto que a força das chuvas arrancavam-na,
transformando-a em lama fétida.
A enxurrada que caía sobre seu corpo, era o contado mais íntimo que a muito não tinha,
visto que até aos ossos penetrava.
A torrente fria que lhe cobria
era seu único aconchego.
Conforto sem conforto,
sem leira nem beira,
... sem ninguém...
Apenas um pedaço pensante de carne, ainda viva.
Depósito de anticorpos e defesas bacteriológicas.
Um laboratório vivo promíscuo.
Produtor de odor, suor, fezes e urina.
Um vivo morto.
Um morto vivo.
Um Ser Humano Urbano.
Um Ser do trânsito.
Como um poste,
um bueiro,
uma placa,
uma sarjeta.
Marcos Santos
Um comentário:
Muito pertinente , Marcos, esta cena retumbante em tempos de eleição.
Oxalá não houvesse mais os andrajos, nem a fome, nem a impunidade e todo o resto.
Excelente blogada meu amigo!
Bjs
Lu C.
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