No Balcão do Quiosque

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um passeio pelas letras ao limite norte de São Paulo

Na avenida que deixa o trânsito da cidade para trás e sobe a serra da Cantareira há de tudo um pouco, como acontece em quase toda parte de São Paulo. A Av. Nova Cantareira principia na região alta de Santana onde é o ápice de toda sua urbanidade e a partir daí é alimentada por várias artérias de asfalto. Por esses caminhos ou “provincias colganderas” (recantos de altos e baixos), assim como dizia meu avô espanhol, acostumado às terras planas da Catalunha, há muitas pessoas que se dirigem para a “cidade” (centro de SP) ou em sua direção oposta almejando a serra. Os que vão para a “cidade”, às vezes param na Av. Voluntários da Pátria, antigo centro de compras da zona norte antes do evento dos shoppings na região, e desistem de ir adiante. Pois naquele bairro movimentado ainda há uma porção de lojas para garimpar variedades, assim como artigos de confecção e alguns objetos de cozinha. No entanto, as boutiques próximas à igreja de Santan’na já não são mais as mesmas. As melhores camisas de seda vermelhas eram vendidas naquela parte. Agora, os camelôs tomam conta das calçadas, enquanto algumas lojas e pequenos shoppings, que mais se parecem a caixinhas abafadas, tentam vender suas roupas a preços populares. Todavia, ainda se acha muita coisa boa por lá, assim como o velho e pequeno shopping Santana e seu sobrevivente cinema do segundo piso, resgatando de alguma forma o charme dos cineminhas de bairro... Mas, eu falava da avenida atrevida, que ousa deixar a zona urbana e indicar o caminho da mata, que é o anel verde de São Paulo, e por isso, agora, deixo a “cidade” e sigo com a tal avenida para a serra.

Atravesso bairros atolados de carros até alcançar a Academia Militar do Barro Branco, em um dos pontos mais altos da avenida, antes de descambar para o vale do Tremembé e subir para a serra. A cena parece um filme de aventuras e agradeço ao destino quando paro no semáforo vermelho neste ponto e posso apreciar o imenso manto verde da serra me esperando, com os raios do crepúsculo cintilando em meus olhos todo aquele “verde cor de tarde” da mata, e o rubor da despedida do sol...

Mas, o que faço eu, indo à serra à noitinha? Não é perigoso, dizem muitos? E eu respondo: os gnomos e guardiões da mata me protegem, porque sabem que eu somente deixo os limites de minha cidade para sentir-lhes a presença. Tenho que diminuir a marcha ainda nas terras de São Paulo, pois quando o carro começa a subir a avenida que aos poucos ganha feições de estradinha estreita e perigosa, tudo muda e a cena urbana se esvai com o cheirinho de mato no ar. Lembro-me de que ali, no “pé da serra” vivia Airton Senna, o senhor das Ferraris vermelhas... Sua casa continua lá... O piloto, apesar de sua experiência ao volante, também sentiria os faróis dos carros lhe cegando na direção oposta e exigindo sua atenção. Se não fosse por isso, eu entraria em um transe hipnótico da natureza, que consegue ser multicolorida mesmo na escuridão, e não conseguiria descrever conscientemente esta cena de despedida urbana, onde a próxima parada é a serrana cidadezinha de Mairiporã e seus charmosos restaurantes encravados na montanha.

Madalena Barranco (Magalena, asim como é conhecida no mundo da fantasia)
http://flordemorango.blogspot.com
A Magalena agradece à querida amiga Lu Cavichioli pela oportunidade de postar neste lindo blog!

6 comentários:

chica disse...

Gostei de passear contigo desde o centro da cidade até saindo dela e chegando nessa cidadezinha, com verde e cheiro dele...Legal!beijos,tudo de bom,chica

☆Lu Cavichioli disse...

ahhh, que pena, acabou!?
Querida Magalinda, que passeio gostoso esse? Não costumo andar muito pela zona norte, mas acho uma região privilegiada, justamente pelo clima. Adoro a Serra da Cantareira, sua neblina e mistérios florais.

Agora já sei para onde vais quando desaparece: vai visitar seus amigos mágicos.rsrsrs
Adorei sua particpação. Não demore muito pra voltar.
ultrabeijos

João Esteves disse...

Li-a como Madalena e Magalena, também. O leitor adulto viajou pelo texto como tal e achou-o bem escrito e interessante. O texto da Madalena.
Mas o lado infantil do mesmo leitor privou com a Magalena dos Moranguinhos e todos os seres fantásticos da saída do ambiente urbano.
Pena agora eu ter de voltar a ser adulto, Magalena. Foi tão prazeroso...

Ramosforest.Environment disse...

Viajar
Viagem
Viajante
Viatura
Via

Ver
Viver
Vivenciar

Ser
Seres
Maravilha

Um Mundo de Letras, Letras de Morango
da Madalena.

Luiz Ramos

Letícia Losekann Coelho disse...

Nossa!!! Eu gosto muito de ler a Madá! Adorei viajar junto!
Beijos

Madalena Barranco disse...

Olá queridos amigos,

Muito obrigada pelos sensíveis e mágicos comentários.

Beijos
Magalena