No Balcão do Quiosque

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Carú






Outro dia encontrei meu amigo de infância Carú.
Aliás, Wilson é o seu nome de batismo, mas a história do apelido fica para outra hora.

Eu estava visitando um cliente e consegui reconhecê-lo, trabalhando como entregador de uma fábrica de pães. Na verdade ele estava com uma pilha de engradados de pães no lombo, meio gasto pela vida. Mas eu o reconheci e esperei que terminasse o duro serviço, para só então darmos um longo abraço.

No início ele ficou meio sem graça, talvez devido ao seu humilde emprego. Mas depois relaxou e pudemos bater um bom papo. Aquela velha história de amigos de infância que se encontram depois de longa data...quem morreu, quem tá vivo... enfim, tentamos colocar os assuntos dos vivos e dos mortos em dia.

Vou dizer uma coisa, ficamos impressionados com a quantidade de finados contabilizados na prosa.

Lembramos do cão Veludo, nosso mascote de caçadas e caminhadas. Lembramos também de nosso time Flamenguinho, um marco na nossa história futebolística
...das missas de sábados e domingos...Tempo que passou rápido, mas que naquela época, parece der durado décadas.
O tempo de um menino passa numa velocidade diferente. Talvez a Teoria da Relatividade de Einstein explique.

Mas trabalho é trabalho. Por mais humilde que seja, deve ser levado a sério...e Caru estava trabalhando.

E assim continuou...
O motorista recebeu o pagamento pela mercadoria entregue por meu amigo, entrou na boleia sem dizer nada, deu a partida e arrancou com o caminhão. Carú teve de correr e pendurar-se no estribo para seguir junto...

Nossa conversa havia acabado, sem aceno ou despedida.

Mas ele estava trabalhando e assim continuou...sem mágoa.

É muito bom, conseguir ao longo da vida, ser o mesmo menino da infância.
Eu tento ser.

Marcos Santos

7 comentários:

☆Lu Cavichioli disse...

Bom, Marcos, tuas crônicas sempre me fascinam. Você tem um jeito todo especial em construí-las. Não é por acaso que você está aqui conosco.

E pode contar a história do apelido. Caru, nome bem curioso.

Excelente texto. Simples e rico em mensagens.

Lu

Joice Worm disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ramosforest.Environment disse...

Carú, o pé-de-pato naquela praia do fundo da Baia de Guanabara, todas são boas lembranaças.

Joice Worm disse...

Hehe... Esse seu texto é um velho conhecido. Nunca me esqueci desta crónica, Marcos.
E nunca me esqueci da reação que tive depois que li. Fiquei pensando na vida... Como ela nos leva por este caminhos afora, nos joga na parede, nos chama de lagartixa e depois diz que nos ama. (Risos)

Unknown disse...

Muito bom esse texto Marcos também sou um saudosista. As vezes encontramos mesmo amigos e quando começamos rememorar e perguntar por nomes nos damos conta de que muitos já partiram.

Anônimo disse...

Marcos

Se eu tivesse que resumir em uma palavra essa crônica eu diria: fidelidade.
parabéns!

chica disse...

Que coisa linda esse reencontro depois de tanto tempo e tantas voltas da vida,não? E que bom que os dois puderam, pelo menos, reviver bons momentos...Valeu muito!abração,chica(conhecendo os colegas do QUIOSQUE)