No Balcão do Quiosque

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

São tantas emoções, mais um dia na casa do Quiosque



Boa tarde meu Quiosque, você anda tão esquecidinho, meio abandonado. Tudo por conta das correrias da vida. Mas sabe, estive pensando na correria e me perguntando se vale a pena correr tanto de um lado, de outro, pra cima e pra baixo. Tem horas que vejo tudo passar tão rápido na minha frente que dá até medo. Um medo nem sei de quê, mas que ele mostra sua carranca lá mostra.

A tarde está quente e o sol abraça a Terra cada vez mais forte, sufocando suas entranhas tornando tudo lento, cansativo e nessa morosidade vamos indo e vindo. Hoje eu não parei na contra mão. Estacionei em frente ao jardim do Quiosque e vi as flores acompanhadas de um pássaro e outro. Olhei pras janelas umas fechadas, outras entreabertas. . Ainda bem que a porta da frente estava encostada. Empurrei e vi a nossa Chica contando a história da areia movediça e o melhor, ela estava saboreando um pedaço do meu bolo de aniversário que deixei no Retratos.

Ia cantarolando enquanto dava uma geral em sua sala onde as sementinhas pululam nas cores da vida.
Passei por ela, lhe dei um beijo e subi a escada caracol um tanto cabisbaixa. Parei lá no alto, olhei as salas, todas vazias, algumas escuras e tristes.

A sala Madrepérola ostentava sua porta nacarada . Toquei na maçaneta de pérola e vi que estava trancada. Em seguida algo me chamou a atenção: havia um bilhete avisando que ela estaria aqui à noite. Que bom, assim ela me ajudaria com o tal de Indriso, nosso neo amigo poético. Nesse m omento toca meu celular, era ela: Dona Graça Lacerda. Mas que coincidência?!

Depois de um papinho breve continuo minha ronda e entro na sala enigmática .Sua escrivaninha está cheia de papéis empilhados sobre uma pasta alaranjada. Ao lado vemos uma luminária em forma de sol. Na cadeira uma jaqueta, esquecida e adormecida, um óculos escuro na mesa de canto faz companhia ao abajur. Será que o Leandro passou aqui hoje?

Na próxima saleta acendo a luz e me deparo com duas poltronas forradas de cetim floral e uma estante em patena acastanhada que abriga de Foucalt até Clarice Lispector. O vaso de flores ainda exibe a beleza incomparável das rosas vermelhas que gritam por um pouco de luz. Então abro a persiana, olho na parede e vejo o sorriso iluminado da Rose no painel que a Graça fez para o blog Rosa. Passo a mão pelas rosas, esboço um sorriso no canto da boca e saio tranqüila.

Agora eu caminho até o final do corredor, onde temos ainda 3 salas. Vou aproximando-me da porta camarão com vidro fosco entremeada por uma pintura lilás na madeira brilhante. Abro e me deparo com um tapete entre o céu e o mar no azul de suas nuances. O aroma do incenso ainda perdura e, neste momento, parece que ouço flautas ou pífaros em cada canto da sala.
É uma sala feminina, feita de laços e rendas. Na mesa, um livro escrito pela dona Fantasia e sua discípula: Madalena Barranco.

Mais na frente restam duas portas que estão abertas e nelas vejo luz. Será que tem alguém trabalhando? Apresso o passo e encontro O João que deu aquela passadinha básica deixando no ar seu toque de mestre na linguagem de todos nós. Passo por ele aceno com e ele sempre gentil, responde continuando seu trabalho. Deveria estar preparando sua aula.

Vou então em direção à outra sala neste final de corredor.
No carpete a luz permanece na amplitude do verão que se aproxima na réstia de sol que escorre pelo vitral que emoldura o corredor. Já avisto o sofá amarelo, os quadros de Picasso na parede, as fotos dela e do marido. Entro na sala e contemplo o arquivo dos sonhos e dos pequenos milagres que todos os dias ela pratica em sua profissão, além da escrita que também cultiva nas horas vagas.

A sala tem o cheiro do Brasil com as paredes em azul texturizado , e o teto rebaixado em gesso sorria com focos de luz anil. Na parede central um berimbau fez-me sentir em férias com um côco gelado à minha frente. Na estante, livros e cadernos enfileirados. Na mesa de canto, um porta- retrato com a foto das filhas.
Um jarro de flores no canto esquerdo que abraça junto à parede um pôster de Barcelona. Sinto saudade. Que pena, a Joice não está.

Saio e vou em direção a uma pequena escada metalizada de um fosco esverdeado que dá acesso ao segundo andar. A sala Degradê está aberta e já ouço o canto da minha calopsita.

Antes de entrar, em frente à minha sala há duas portas, trancadas. Uma é pintada de um verde fosco com maçaneta na cor champanhe e na entrada um tapete bege com motivos da natureza. Na porta há uma tabuleta em madeira trabalhada a mão com um emblema do Cristo Redentor e logo abaixo a inscrição: RAMOSFOREST. Luiz Ramos também não está.

E ao lado vejo uma obra de arte. Porta e parede formam um painel de fotos , algumas estampadas na própria pintura e outras pregadas no mural de cortiça. Coisas de Marcos Santos.
No batente superior uma inscrição : FOTO & GRAFIA





Dou meia volta, entro na sala Degradê, fecho a porta apostando mais um dia na amizade , esse sentimento que une as pessoas.
By Lu C.

13 comentários:

chica disse...

E foi simplesmente maravilhoso esse teu passeio por cada cantinho desse lindo Quiosque. Me pegaste com a boca cheia, aproveitando o silêncio e mandando ver o bolinho do teu niver...

Ficou muito lindo,LU e cada sala recebeu o carinho datua presença.LINDO! beijos, boa noite e tudo de bom a todos os amigos também.chica

☆Lu Cavichioli disse...

Oi Chica, bom dia. Eu gosto muito de escrever sobre nossa turma e contar o dia a dia na casa de crônicas que é o Quiosque.

É com carinho mesmo que gosto de reunir todos. Que bom que sentiu isso.

Meu beijo de afeto
Lu

Anônimo disse...

Lú querida

Que passeio espetacular. Em cada canto uma surpresa e você descreveu de forma muio autêntica cada um de nós que escreve aqui no quiosque. Lindo amiga.
Lú to morrendo de vergonha porque nao vi o bolo no Retratos e seu niver passou batido.
Mas voce sabe que o que desejo nesse dia é o que desejo tofos os dias à você, paz e muita felicidade.

beijos

☆Lu Cavichioli disse...

Oi Rose, rsrs... obrigada minha querida, eu sei do seu desejo. Pena que o bolo acabou rs.

Que bom que vc gostou de nossas aventuras dentro do Quiosque.

meu beijo pra ti!

piccola marcia disse...

ma chère Lu, esse Quiosque é tão aconchegante que por uns minutos esqueci a correria, o calorão, a canseira do dia-a-dia...
aproveito a breve passagem por aqui, para desejar-te muita felicidade!
um beijo

Graça Lacerda disse...

Lu,

certa vez um aluno escreveu em uma redação:

"Fosse eu deus, removeria o ódio, promoveria o amor e louvaria a um Deus maior do que eu!"

Fazendo minhas as palavras dele, eu te digo assim: fosse você deusa, eu ajoelharia a teus pés diante de um texto tão lindo e me ajoelharia dobrado diante do meu grande Deus que te criou!!!
Nunca vi nada tão bonito, LU!!!!!!!!
E olha que não é o calor da emoção não, estou bem segura do que eu tô dizendo...
Um grande bj e sou muito feliz por fazer parte dessa tchurma 'fera' do Quiosque!

☆Lu Cavichioli disse...

Ma chère mademoiselle Picolla, que bom, tu vieste me ler. Saudade de ti e desse aura parisiense que emanas.

Coloquei pra dormir o L'Amour, nem sei si viu. Deixa ele descansar um pouco rs.
Obrigada pela menção ao meu niver e pelas felicidades.

Um grande beijo de saudade!
Lu

☆Lu Cavichioli disse...

Graça que é isso????? Que comentário é esse que me deixou sem fôlego? MEUS SAIS!

Olha, voce nem imgina o quanto eu amo escreve sobre nossa turma e as "possíveis" aventuras que poderíamos viver no Quiosque se ele existisse de fato. O bom é que no virtual, temos a capacidade de sonhar e imaginar o que quisermos e isso (pra mim), é prato cheio. Então eu uso e abuso rsrs.

Fico bem feliz que meus colaboradores sonhem comigo nessa viagem surreal.

Obrigada cara mia por seu carinho.

*Depois respondo teu e-mail na calma que tu merece.

ultrabeijos

☆Lu Cavichioli disse...

Só mulheres que comentam... Talvez porque os homens falam pouco ou não se apegam a detalhes como nós.

Mas tudo bem, estamos aqui, esperando os meninos.

beijo da Lu

Joice Worm disse...

Noc, noc...
Cheguei na Sala pela portinha dos inibidos. Andei e ando descalça por aí em volta com tantos afazeres misturada com uma menopausa que me complica a paciência...
Nem escrever me espera, nem ler me encontra, nem nada de nada. Nos fins de semanas só o tecto consegue meu olhar fixo.
Estou em stand by de mim.

João Esteves disse...

Passeio virtual por nosso quiosque, coisa gostosa essa que você tem promovido, Lu. E tome de imaginação, de criatividade.
Tenho a agradável sensação de um perfeito reconhecimento, tanto o individual de cada integrante, incluindo-me, quanto o reconhecimento coletivo, que dá a medida certinha disso que o nosso quiosque de fato é - um blog de produção participativa.
Já de início você diz: "Tudo por conta das correrias da vida", o que nos explica e justifica à perfeição, acredito.
Os comentaristas anteriores já mostraram a justa apreciação por esta bela blogada sua. Junto-me a eles, ou melhor (e põe melhor nisso!): junto-me a elas.
Ultrabeijos

☆Lu Cavichioli disse...

Querido João, tu és e estás!

Esses textos são do coração, e eu amo escrevê-los, pois vocês merecem, e eu também! rs

ultrabeijos pra ti tb!!

☆Lu Cavichioli disse...

Super Joice, vai daqui um super mega blaster abraço carregado de energias positivas direto pro teu coração, amada!

Fica bem logo.
Te escrevo mais tarde.

MUAC!