No Balcão do Quiosque

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Essência de Ser Mulher



Adentrar as matas virgens de nossa essência não é tarefa fácil. Na verdade quero penetrar com palavras as zonas obscuras de minha própria natureza, um olhar interior que resgate minha alma feminina.

Poderia inventar uma personagem. Não sei se isso seria garantia de que estaria falando de mim. A verdade é que falar do próprio eu é falar de encontros, desencontros, obsessões, frustrações, realizações, sonhos, fantasias e da fome intensa que se tem de preenchimento e de desprendimento.

O meu universo é inteiramente dotado de uma vontade infinita, de viver minha feminilidade de uma forma plena. O desejo veemente de ser uma mulher livre com a responsabilidade de viver os papéis que me são cabíveis, sem precisar responder a uma sociedade feminista e matriarcal.

A intimidade de uma mulher se revela, à medida que ela responde a seu caráter inteiramente feminino, sem se importar com as conseqüências de que essa exposição trará para sua imagem.

Dessa forma, uma mulher pode ser inteiramente mulher em todas as dimensões de sua vida sem a necessidade de mostrar que é forte e sobrevivente de uma ex-sociedade machista e repressiva.

Se viver 100 anos, irei lembrar-me de todos os momentos em que o desejo de ser simplesmente mulher me foi vetado. Irei lembrar-me de todas as proibições que me foram impostas por uma lei do patriarcado que castrou a mulher e a impediu de ser ELA, pelas próprias mulheres.

Não preciso mais de certas respostas. Penetrar esse recôndito me faz perceber o quanto eu mulher ainda necessito ser protegida. Mas também me faz pensar o quanto ainda quero proteger. Na vida tem que haver uma troca. Feminino e masculino devem se fundir, trocarem, e se complementarem. Ambos têm papéis diferentes a cumprir. Tudo isso forma em minha mente uma imagem de expansão do ser, onde homem e mulher se encontram definitivamente.

Decididamente não sou uma mulher emancipada. Ainda sou aquela mulher que busca o amor. Não o homem ideal, pois esse já encontrei há quase trinta anos. Mas o amor, em toda sua plenitude. O amor afetivo e efetivo. O amor como escolha. O amor livre de qualquer condição que o coloque em uma posição que não seja verdadeira.

ímpeto de dançar

uma dança que

me lance nas palavras

Passos dês (marcados)

Femininos de ser.

6 comentários:

☆Lu Cavichioli disse...

Mesmo sem tempo, Rose, você postou essa beleza de crônica.

Muito bem estruturada na idéia central, lhe confere a chave definitiva para a prosa minha amiga.

Quanto à interpretação do texto, eu também já sabia que era seu... rsrsrs.
Gosto quando diz que macho e fêmea devem se completar, porque ambos viemos com essa bagagem. É lindo e suave constatar essa união de almas e corpos que se bem estruturadas, refletem UM SÓ!

um beijo

Unknown disse...

Bela crônica Rose mostrando uma alma que na verdade quer ser livre. Embora cite da nescessidade sempre do homem ao lado para completar-se na plenitude do seu ser.Ai mostra a verdadeira mulher com personalidade.

João Esteves disse...

EStá escrito, então, cara amiga.
Bem urdida a trama do seu discurso, muito sério o mergulho na própria alma, e incrivelmente rico o resultado textual. Tive prazer em lê-lo. Há interessantes reflexões propostas. Concluída a fase de produção e postagem, o texto já não é mais seu senão por propriedade intelectual. agora, ele é do leitor, é nosso. E será o que dele nós, leitores, fizermos. De minha parte, que seja um sucesso total. Que voc~e inclusive viva os 100 anos mencionados.
Beijos

Letícia Losekann Coelho disse...

Gostei muito dessa crônica! A poesia no fianl fechou com chave de ouro!
Abraços

Ramosforest.Environment disse...

Um Rx da alma feminina.
Belo, como sempre .
Luiz Ramos

Marcos Santos disse...

Adorei Rose.

As mulheres deram passos importantes rumo a emancipação. Felizmente fizeram manobras de ajuste, rumo a feminilidade. Nunca na história as mulheres foram tão emancipadas e femininas ao mesmo tempo, independentemente da opção sexual.

Mas não se preocupe em encontrar o amor sem fronteiras, pois o ser humano é um animal que veio ao mundo para amar e ser amado.