No Balcão do Quiosque

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Homo Mercadológicus

Todos nós conhecemos a máxima: na vida, tudo tem um preço.
Tem mesmo? Quanto vale viver?
Vamos adentrar na realidade desse imenso mercado de ações e reações que é a vida. Esse campo de intrincados valores relativos que teimam em serem absolutos.

Pois bem. Você nasce e de imediato tem um valor avaliado. Se você nasceu como mercadoria de varejo, tal como é o caso da grande maioria dos “produtos” expostos nas prateleiras da vida, terá pela frente toda ampla oportunidade de liquidação. Ou quem sabe uma promoção! Com sorte, pode até ser remarcado. Mas, sem chances de re-mercado. Já, se você nasceu, como produto à vista, com desconto negociado, dá pra ter em você, uma perspectiva de vida mais valorizada.

Agora temos os nascimentos privilegiados, conhecidos também por “berço de ouro”. São aqueles produtos de valor muuuuito acima da média de mercado. Já nascem vitalícios, por assim dizer. São de difícil acesso. E são tão poucos... Porém os privilégios são tão muitos. A maioria apenas os admiram.

Tem também — que eu já ia esquecendo de mencionar — os produtos descartáveis e sem valor. Um mercado paralelo, informal; que não entra na contabilidade da ordem natural estabelecida.

E quem dá as cartas na grande lei de mercado? Se existe um produto com o seu valor exposto, alguém administra suas ações, concorda? E quem cria a lei de mercado, não está sujeito a ela. Meu caro, não é um barato isso? É... e muitos já na infância, brincam de ciranda financeira, e só mais tarde irão perceber que o negócio não é brincadeira não.

E assim vamos passando por esse mercado, sendo consumidos pela deterioração natural do produto...ora usando da assistência técnica, ora sendo trocados por outros ou se vendendo por menor valor.
Uma outra questão: pode um produto que nasceu varejo, se tornar um produto de primeira, “privilegiado” ? É difícil. Teria que, “aplicar” pra se dar bem. Juro que é isso.

Esse rápido balanço visionário de uma realidade “mercadológica”, nos mantém fixos como um pregão na luta por um valor mais alto. Aquele que é “esperto”, sabe, que quem não administra bem a si como produto, com o tempo se desvaloriza perante o mercado. Não há desconto para uma ação dessas.
No fim o produto tem seu tempo de validade vencido. A única parte aproveitável pode ser a sua embalagem. Quem sabe não servirá para guardar antigas fotos de um valor que não existe mais.

3 comentários:

chica disse...

Muito boa!E há aqueles que só pensam na embalagem , na casca e pos dentro, neca de pitibiribas...um abraço,bom fim de semana,chica

João Esteves disse...

Insoliteratura é isto, no quiosque também.
Bons tempos aqueles em que não havia mercado(rias)! Nao conhecemos nós mesmos nem nossos tetravós esses tempos. Só os primeiros humanos. Improvável qualquer retorno a eles. Seja como for, vale o discurso.
Abraço

Ramosforest.Environment disse...

Eu creio que mesmo antes de se falar de leis de mercado já se praticava a "ciência mercadológica social". Veja a História.
Realmente, a disputa por espaço no mercado é muito grande. Colocar ações nesse mercado é muito complicado e, na maioria das vezes, as ações mais cotadas não são as melhores e mais rentáveis.
Muito bom texto.
Luiz Ramos