No Balcão do Quiosque

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Reflexo de Bastidores



Quando acordamos pela manhã e vamos para o banheiro, a primeira sensação que temos ao olhar para o espelho
é um susto. O que vemos, com certeza não nos agrada. Não se engane. Olhe direito. Olhe novamente. Vai ver que o que digo é a pura verdade. Vemos um reflexo nada animador, principalmente se sua noite de sono não foi tão boa assim ou se suas contas estão todas atrasadas e você não tem como saldá-las. Percebem-se rugas de expressão, ou seriam rugas de
preocupação? Daí você torna a olhar e joga água como se quisesse limpar todas elas e vir escoar ralo abaixo. Encontra uma espinha, ou um cravo, tenta apertar, sente dor e desiste. Aposto como você se pergunta o que há do outro lado do espelho, não é? Já pensou nisso? Será que aquela imagem que te olha do outro lado é você mesmo? Há controvérsias?! Provavelmente ela será o que quisermos que seja. Há anos que você olha para este espelho, já percebeu como é que seu reflexo lhe envia mensagens? Então preste atenção. Olhe bem, pausadamente, veja as transformações escancaradas que surgem, no cabelo, na pele, no corpo... E isso ainda não é nada comparada às transformações internas, aquelas no self, no ego, no íntimo.

Já chorou em frente do espelho? Aposto que sim. Viu como as lágrimas rolam lentamente e pingam na roupa, no chão?
Assim é o tempo que passa lento, como um conta gotas.
O que realmente vemos no espelho? Alucinações? O que há do outro lado?
Acho que outra dimensão. Uma dimensão refletida, onde não podemos entrar. Uma dimensão que guarda nossa imagem
anterior à que vemos hoje, e que nos torna impotentes diante do real.

O espelho é um grande "porta-treco" da ilusão. Lá guardamos o que fomos um dia, e que já não podemos apalpar ou sequer ver, porém, imaginar. Que bom que esse poder nos foi dado!

O espelho é uma espécie de vilão, é ele que mostra em cada trejeito, em cada ruga costurada no rosto, todo medo que temos de envelhecer e nos tornarmos um objeto esquecido, quer pela sociedade, quer pelos entes queridos. E aí vamos para a gaveta dos esquecidos e ficamos empoeirados e antigos. Nosso vocabulário há muito não são mais pronunciadas, nossas idéias, todas ultrapassadas, nossa visão, agora, embaçada, precisando de lentes até para olhar no espelho. E tudo isso passa diante de você, rapidamente, todos os dias, impiedosamente.
Mas o que nos alivia é, que aprendemos e nos diplomamos, com louvor e louros, respondendo a todas as questões que a vida sabatinou. Aprendemos também que essa imagem um dia será finita, e a alma - IMORTAL!

by Lu Cavichioli
São Paulo 2011

9 comentários:

Léo Santos disse...

Sim, o espelho é um objeto, realmente, sinistro. Mas depois de muito analisá-lo, com o passar dos anos, pude chegar a uma brilhante conclusão: o espelho nada mais faz do que refletir fielmente a nossa imagem.

Um abraço!

Emília disse...

Lu a vida é isso mesmo, aprender a sorrir perante o reflexo do nosso interior... ler os sinais que o espelho nos mostra.
Um abraço reflexo.

Milene Lima disse...

Tenho medinho dele, confesso. Ele me diz coisas que nem toda hora quero ouvir. É o cúmulo da sinceridade, o moço. tem jeito não.

Mas tem horas que o encaro e digo: olha, seja lá o que vc tiver pra me dizer, fale aí! Tô nem aí...

Ele diz.
Eu sigo.

Belo texto.
Beijocas.

Leonel disse...

Hi, Lu!
De uns tempos pra cá eu nem gosto muito de olhar o espelho, pois deu de aparecer um velho que fica o tempo todo me olhando enquanto eu faço a barba ou escovo os dentes...
Abraços!

Xipan Zéca disse...

Ele é revelador... nénão !!
Mas de uma coisa eu sei... Qdo me vou e até mesmo qdo eu me for desta pra outra... Ele não poderá ficar.....
Isso me conforta... Nunca mais irei ver aquele barbudo branquélo de zóio munito... Sorrindo prêu !!!!

Deussssssssskiajude
Tatto

Si Fernandes disse...

Ahh... o espelho é meu maior confidente, tem dia que acordo linda, com a pele que é um espetáculo e o cabelo maravilhoso, e sem ninguém pra ver...só ele...
Com ele,ensaio minhas declarações de amor, meus olhares, meus esporros e minhas gargalhadas.
Como disse o caro autor, Léo Santos, o espelho nada mais faz do que refletir fielmente a nossa imagem.
Que maravilha de abordagem!

R. R. Barcellos disse...

Do lado de cá eu sou destro,
Do lado de lá sou canhoto;
Do lado de cá sou maestro,
Do lado de lá eu nem rimo...


Sempre que me sinto insatisfeito com a imagem que ele me devolve, eu o acuso de falso, de mal-intencionado. Mas tem gente que não percebe que ele inverte tudo, e acredita piamente no que vê.
Mas uma qualidade não se lhe pode negar: a de inspirar escritores do porte de Lewis Carroll, Bocaccio, Allan Poe, Shakespeare e Lu Cavichioli.
Beleza!

Jozi Elen Fleck disse...

Olá, querida. Em primeiro agradeço pela visita e pelo carinho com o teu comentário no meu blog. É sempre bem recebido aquele que me lê com olhos compenetrados nas cores que saem de mim e das minhas palavras. Em segundo, quero te parabenizar pelo Quiosque, lugar bonito e inteligente que me foi apresentado pelo Léo Santos.
Vou deixar meu contato, para que possamos dialogar melhor. @jozifleck, professorajozielen@yahoo.com.br
Como disse ao Léo, precisamos estar no lugar certo, com as pessoas certas, no momento certo. Obrigada por isso.
Abraços.
Jozi
www.olugardascoresescritas.com

Anônimo disse...

Hj o dia foi bastante proveitoso. Este é o 3°blog legal, já estou seguindo e linkando no meu. Além deste tenho tb o do Léo Santos e da Jozi. 3 q conheci hj, 3 q gostei e 3 q estou acompanhando. Parece q 3 é mesmo um número mágico =]
Muito obrigada pela msg, tb é mais um elogio q recebo e fico feliz por isso.
Sim, Carrie é por eu ser fã do Stephen King, amo desde q nasci. E qnd minha mãe disse q estava grávida de mim qnd viu o filme (q nem gosto muito), não tive dúvidas. Apelidei-me! =] Bjs, vamos nos falando, sim!